Cruzes estradeiras

O professor substituto de história da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), núcleo da Universidade Estadual do Ceará, em Limoeiro do Norte, Antônio Zilmar da Silva, 46 anos, sempre teve dificuldades para conviver com a ideia de morte. Nascido em Pacajus, no sertão cearense, e criado em Fortaleza, a 56 quilômetros de distância, ele não conseguiu ir ao velório da avó, nem do pai, preferindo escrever um texto para homenageá-lo.

No entanto, Zilmar idealizou o site www.viascrucis.com, que visa mapear as cruzes e memoriais feitos para preservar a história das pessoas que morreram à beira das rodovias nordestinas. Ele também é responsável pelo projeto de extensão Vias da Saudade, da Fafidam, e organizou um concurso nacional de fotografias sobre o tema. As atividades o fazem ter contato frequente com o que mais teme.

A mudança na forma de encarar o inevitável começou há cerca de dois anos, quando um amigo da época em que ele cursava a faculdade desencarnou. Ao conversar com a esposa, Jane Carvalho, que é “muito espiritualizada”,  Zilmar foi aconselhado a ir ao velório do parceiro:

“Fui buscar força para ir a esse encontro. A partir daí eu repensei também a questão da morte, no sentido de culto. Antes eu escrevia textos para homenagear as pessoas que iam morrendo, mas nunca ia a um velório, um sepultamento. Ao ir ao encontro desse amigo, criei mais coragem. Hoje o trabalho com as cruzes não me afeta” – diz.

Professor Antônio Zilmar da Silva. Reprodução do Instagram
Antônio Zilmar

Em uma das duas expedições de mapeamento das cruzes e oratórios à beira da estrada, o professor viajou com a mulher. Ele pensava que por ela ser sensitiva poderia ter alguma manifestação espiritual. Nada aconteceu. Ela disse, inclusive, que se sentiu tranquila durante a viagem, diminuindo ainda mais o temor dele e aumentando a racionalização e gerando no autor do projeto um crescimento espiritual e uma sensação de paz interior.

Depois da formatura na Universidade Federal do Ceará (UFC), Zilmar foi fazer mestrado e doutorado na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo, na área de cultura popular. Nas viagens entre a capital paulista e Fortaleza, o historiador observava as cruzes na beira das estradas.

SURGE O PROJETO

As cruzes chamaram tanta atenção que o professor comentou com um fotógrafo que tinha vontade de retratar aqueles pequenos monumentos – com o passar do tempo foram ocorrendo transformações nas construções. A ideia não foi além e acabou se transformando em um texto, uma crônica das idas e vindas a São Paulo.

O tempo passou.

Um dia, conversando com um produtor de livros fotográficos, surgiu a ideia de participar do edital “Mecenas”, bancado pela Secretaria de Cultura (Secult) do Ceará. A proposta previa a produção de um livro fotográfico sobre as cruzes nas estradas.

“A gente foi selecionado em 2017 e receberia R$ 77 mil para o projeto. Mas eu não tinha contato com ninguém e arranjei uma produtora. Depois soube que ela tinha problemas fiscais. Isto impediu a realização de meu plano” – conta.

Neste processo, Zilmar conheceu um técnico de informática e ambos decidiram criar uma plataforma digital com o objetivo de preservar histórias e biografias de pessoas que perderam as vidas nas estradas a partir de fotos, vídeos e depoimentos. O historiador ficou muito animado e investiu o dinheiro que tinha na criação do site . Só não sabia que a proposta teria uma mudança de novo rumo.

Um dos organizadores da feira funerária nacional bianual André Luís Bonato disse para o professor que sites de guardar memórias eram comuns, mas considerou inovadora a realização de expedições fotográficas para mapear as cruzes nas rodovias. Também se prontificou a apoiar um concurso de fotografias sobre o tema, oferecendo passagens aéreas para os vencedores.

“Aí entrei de cabeça nas expedições. Realizamos a primeira, os 220 km da rodovia Fortaleza-Boa Viagem com o fotógrafo Germano Theodoro, e catalogamos 110 cruzes. Além disso, já tínhamos iniciado a rota Fortaleza-Juazeiro do Norte quando concorremos ao edital da Secult e tínhamos registrados 115 capelinhas, cruzes e memoriais” – revela.

Mapeamento das cruzes. Reprodução da internet.
Mapeamento das cruzes no trecho Fortaleza-Boa Viagem. Reprodução

A viagem foi bancada com verba indenizatória do penúltimo emprego do professor. Ele usou todo o dinheiro para comprar uma picape usada 4×4 para enfrentar os buracos das estradas, adesivar o veículo e para gastos de alimentação, combustível e estadia. Também produziu o catálogo com o mapeamento das cruzes.

 

Com parte do salário que recebe, organizou o concurso fotográfico “Caminhos da saudade” e distribuiu R$ 1.000 em prêmios, o que rendeu mais 70 fotografias de diferentes estradas do país. E se transformou na exposição virtual que estreia hoje na primeira página do site Meus Sertões.

ESTRATÉGIAS

Durante a primeira expedição oficial foi preciso fazer uma escolha: investir nas fotos e na geolocalização ou tentar localizar os parentes dos mortos para que contassem as histórias deles. Acompanhado do fotógrafo, Zilmar constatou que o trabalho seria cansativo.

Nas primeiras tentativas de conversar com os parentes das vítimas e encontrou dificuldades. Duas delas foram emblemáticas:

Na primeira tentativa, a cruz ficava em frente à casa da família do rapaz que morreu aos 18 anos em um acidente. A irmã do jovem contou que a mãe tinha mandado fazer a cruz e pediu para falarem com ela. Quando a mulher chegou, não conseguiu dar o depoimento por causa do luto, da tristeza.

Na segunda tentativa, durante a conversa, a mãe de outro rapaz falecido começou a falar coisas desconexas, se desequilibrou emocionalmente. A equipe então resolveu priorizar as imagens e pegar os contatos dos familiares para conversas posteriores.

Adotaram ainda a estratégia de fazer levantamento dos acidentes mais recentes, via jornais. Das últimas 100 cruzes, obtiveram informações sobre 17 pessoas. E acabaram se surpreendendo com uma informação:

“A gente sempre achou que as cruzes eram de vítimas de acidentes, mas há casos de homicídios também” – revela

Outra possibilidade aventada pelo criador da página é que com a publicação das fotos as pessoas busquem depositar as memórias dos parentes.

TRANSFORMAÇÕES

A partir do viacrucis.com, o Antônio Zilmar conseguiu aprovar, em março deste ano, o projeto de extensão “Vias da Saudade”, na Fafidam, sobre as cruzes nas estradas do Vale do Jaguaribe. O professor e o bolsista Matheus Martins catalogaram 60 cruzes em Limoeiro do Norte e Russas (CE). O universitário também é responsável pela leitura de artigos sobre o tema e por produzir conteúdo para o Instagram dedicado à pesquisa. A equipe conta com o voluntário  Lucas Lemos.

Cruzeiro da santa popular Maria das Quengas, em Russas (CE) - Foto: Telecentro Pitombeira II
Cruzeiro da santa popular Maria das Quengas, em Russas (CE) – Foto: Telecentro Pitombeira II

Logo no início do levantamento, interrompido temporariamente por causa da pandemia da Covid-19, duas histórias se destacaram. A primeiro é de uma santa popular milagreira, uma mendicante virgem chamada Maria Augostinho dos Santos, a Maria das Quengas, que pedia esmolas com quengas de coco amarradas na cintura. Ela foi decapitada e estuprada após a morte por Antônio Meireles, filho de um fazendeiro porque se negou a fazer sexo com ele. O crime ocorreu em 1893 e até hoje são feitas promessas e romaria à cruz erguida na comunidade de Pitombeira II, em Russas. O caso foi tema de dissertação.

A construção de uma réplica da igreja de Limoeiro do Norte ao lado da cruz de José Maria Filho, o Zé Maria do Tomé, assassinado com 20 tiros, na zona rural do município, em 21 de abril de 2010 também merece destaque. Zé Maria foi morto por lutar contra o uso desregrado de agrotóxicos na Chapada do Apodi (CE). O local é muito visitado por devotos.

Cruz de Zé Maria de Tomé, ao lado da réplica da igreja de Limoeiro do Norte. Foto: Camila Garcia/Brasil de Fato
Cruz de Zé Maria de Tomé, ao lado da réplica da igreja de Limoeiro do Norte. Foto: Camila Garcia/Brasil de Fato

Todos os elementos do projeto de Antônio Zilmar ganham ainda mais relevância diante da constatação de que a tradição está sofrendo modificações e perdendo força em várias regiões. O professor explica que há três motivos para a redução da construção de cruzes à beira da estrada:

Um dos fatores é a conversão de muita gente para a religião evangélica, que não reproduz a prática do catolicismo popular. Em seguida, estão as obras de duplicação de rodovias, o que reduz acidentes por que tornam os trechos mais seguros e compromete as margens das estradas.

“Nas áreas duplicadas chegamos a percorrer 70 km sem encontrar uma única cruz” – ressalta o historiador.

Almas II - Mombaça (CE). Foto: Bia Medeiros
Almas II – Mombaça (CE). Foto: Bia Medeiros

O terceiro motivo, de acordo com o depoimento de um caminhoneiro, é que a Polícia Rodoviária Federal não estaria permitindo mais a construção das cruzes, embora haja no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) especificações técnicas e formulário para levantar as cruzes.

Paralelamente, há casos em que são construídos memoriais imensos, retratando as vítimas, quase sempre muito jovens. A fotógrafa cearense Bia Medeiros, que participou do concurso fotográfico “Caminhos da Saudades” registrou em Mombaça, a 239 km de Juazeiro do Norte (CE).

“Nunca tinha visto este tipo de homenagem com fotos coloridas de pessoas, tipo um mini outdoor. Lá vi três em um trecho de 100 metros” – conta.

 Memorial feito para o jovem Érico Damascena, que morreu em acidente na BR-110. Foto: Flávio Passos.
Memorial feito para o jovem Érico Damascena, que morreu na BR-110. Foto: Flávio Passos.

Em Jeremoabo (BA) há um monumento em homenagem a Érico Silva Damascena, 25 anos. Nas proximidades do povoado Rangel, na divisa com o município de Antas, local onde o rapaz morreu após dormir ao volante, bater em uma encosta e capotar, foi construído um memorial. Nele há um imenso painel de azulejos com  um escudo do Flamengo, clube para o qual Érico torcia. O acidente ocorreu em 2007.

Érico seguia, com a namorada, de casa de show em Jeremoabo até Sítio do Quinto, onde morava. Alguns familiares pediram para que ele não retornasse devido ao horário e ao fato de ter bebido. Ele alegou que precisava estar cedo na cidade de Antas a fim de sonorizar um trio elétrico que seria utilizado para divulgar a inauguração de uma churrascaria. A tragédia aconteceu no dia 7 de julho de 1997. A namorada do rapaz fraturou a perna.

 

Durante a entrevista, Zilmar repete várias vezes que não é um estudioso da morte e ressalta que está inventariando dados para os especialistas trabalharem sobre eles. Explica ainda que tradicionalmente os católicos é que levantavam as cruzes, mas a população foi adotando práticas de diversas religiões como colocar pedras nas cruzes para mostrar que foram feitas orações no local; deixar oferendas para entidades; colocar garrafas de água ao lado para evitar “que os mortos tivessem sede”; colocar imagens quebradas. Essas tradições ocorrem em praticamente todos os continentes. Daí, de acordo com o professor, a utilização do termo memorial é mais adequada do que cruz para abranger a multiplicidade religiosa.

Motivado por ter recuperado a gana de pesquisar, o que não era incentivado nas faculdades particulares onde lecionou, Zilmar tem vários planos para o projeto dele. Dentre eles está a repaginação do site, a visualização dos mapas das cruzes na nova página, o lançamento de um aplicativo para as pessoas enviarem fotos dos memoriais com georreferenciamento, a segunda edição do concurso nacional de fotografia, a elaboração de 500 exemplares do catálogo da documentação da estrada Fortaleza-Juazeiro e a inclusão os estados da Bahia e Maranhão no mapeamento. Recentemente, o professor lançou campanha de financiamento coletivo.

No final da entrevista, Zilmar conta uma história emblemática para mostrar como a pesquisa que faz é envolvida de misticismo. Uma senhora contou que havia cruzes perto de onde ela morava na estrada para Boa Viagem (CE). Segundo ela, a carga de um caminhão tombou sobre um rapaz, matando-o. Um ou dois anos depois, o caminhoneiro envolvido no acidente morreu em outro acidente no mesmo local. Ela falava como a morte não ficou satisfeita e veio pegar o segundo envolvido na tragédia; como se o trabalho tivesse ficado pela metade.

O que é a morte para você? ­– pergunto

“Sou materialista. A morte para mim, em tese, desde que meu pai se foi, é a finitude de uma trajetória. Tem uma frase que os historiadores repetem: “A história garante a eternidade do homem”. Isso é que me atraiu neste projeto. Uma forma de não deixar as pessoas desaparecerem. O culto a memória é uma forma de eternizar. Sendo a morte uma finitude, a memória é um processo de eternização por pelo menos uma, duas ou três gerações. Há casos de mais gerações, como esses em que as pessoas são santificadas e viram domínio social. A morte é um fim na concepção materialista, mas a memória é uma garantia de uma eternidade social, vamos dizer assim.”

EXPOSIÇÃO

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Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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26 respostas

  1. Simplesmente encantada, emocionada e curiosa. Além da beleza das fotos, o intuito delas e a memória que elas possibilitaram são incríveis. Projeto para ser apreciado e muito divulgado!

  2. Que reportagem maravilhosa! Muito bem escrita. O conhecimento sobre as causas das mortes, informações sobre os falecidos e seus familiares tornam tudo ainda mais curioso e interessante.

    Aqui perto da minha cidade, na Bahia, tem um pequeno “santuário” na margem de uma rodovia em homenagem ao Padre Aldo Lucchetta, padre italiano, defensor dos mais pobres e oprimidos, vítima de um acidente de carro em 1998. A morte dele provocou bastante comoção na região, pois era muito querido pelo povo (nem todo mundo, afinal ele costumava falar, sem medo algum, as verdades que certos políticos não gostam de ouvir)

    Informações: https://www.youtube.com/watch?v=8tNUC1XJz24

    Parabéns pelo projeto e pela reportagem.

    1. Obrigado pelo contato. O senhor sabe dizer se o santuário construído para homenagear o padre Aldo foi recuperado. Vi uma matéria que mostrava o abandono do local em 2013.

      Equipe Meus Sertões

  3. Muito interessante! Eu sempre quis saber sobre essas cruzes que via na BR 101, quando eu ia para Salvador.
    Ótimo trabalho professor Zilmar e Paulo Oliveira, parabéns pelo projeto e reportagem.

  4. Adorei a reportagem, muito interessante esse levantamento. Eu trabalho viajando e sempre que vejo essas cruzes fico imaginando: o que pode ter ocorrido? Elas são fincadas no local exato do óbito? Qual o sentido de marcar um lugar por uma coisa tão dolorosa?

    Obrigado por nos desvendar está faceta da nossa cultura!

  5. Nunca tinha parado pra pensar nesse contexto “morte” dessa maneira, vc retratou a saudade e a eternidade das pessoas.
    Parabéns pelo trabalho meu querido amigo.

  6. Fotografo cruzes de estradas faz um tempo, mas mais por curiosidade estetica e por gostar da Cultura Nordestina. Participei do Concurso promovido pela Via Crucis e confesso que é a primeira iniciativa que vejo em prol de manter viva uma tradição que aos poucos vai se perdendo pelos anos nas estradas. Seja pelos motivos elencados na reportagem ou mesmo pelo tempo digital que vivemos que acaba por mudar os hábitos e costumes dando espaço para outras práticas no lugar das cruzes de estrada. Parabéns Prof° Zilmar pela iniciativa. Sonhos nem sempre são fáceis de serem realizados e a sua trajetória contada aqui é uma prova disso! Sucesso!

    1. Olá Karine! Esse costume não é nordestino. Essa tradição veio com os portugueses e se espalhou pelo país. Tenho amigos no interior de São Paulo, eles fizeram vários registros.

  7. Olá, Antonio! Sou a Maria Eliane, de Maceió. Sou fotografa e estou um projeto sobre as “capelinhas e cruzes da beira da estrada”. Hoje durante as minhas pesquisas, encontrei o Vias Crusis, o que me deixou muito feliz em saber do seu projeto . A minha proposta é justamente registrar essas lembranças, como também denunciar o descaso, quando da duplicação das rodovias. Até entendo que em muitos casos fica dificil localizar algum familiar. Enfim, vou fazendo o meu registro.
    Comecei pelo Sertão, de Maceió a Piranhas (Já na divisa com Sergipe), nao tive a ideia de mapear, mas fiz o registro de todo trajeto.
    Gostaria de saber se voce ainda continua com o projeto, e se com sua experiência pode me dar algumas dicas?
    Parabens pelo projeto.
    Abraço
    Maria Eliane

    1. Maria, o projeto é do professor Antonio Zilmir, da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), núcleo da Universidade Estadual do Ceará, em Limoeiro do Norte (CE). Nós apenas fizemos a reportagem sobre o projeto. Enviaremos sua mensagem para ele e pediremos para ele entrar em contato pelo seu e-mail. Abraço e grato pelo contato.
      Equipe Meus Sertões

  8. Quando era criança acreditava que a pessoa era enterrada na beira da estrada onde estava a cruz.
    Já adulta, fazendo viagem de estudo com o grupo da faculdade, eu e mais duas colegas passamos um grande susto.
    O ônibus não tinha banheiro. Pedimos ao motorista que parasse. A estrada estava um breu, deserta, tínhamos medo de animais peçonhentos naquele mato. Era região de Três Marias- Gruta de Maquiné.
    Tempo de vento e relâmpagos e num desses lampejos de clarão, já aliviadas, vimos 3 cruzes na estrada. Desesperadas, entramos no ônibus recebidas pelos colegas em gargalhadas. O certo é que deu medo sim. Hoje soa engraçado , mas foi assustador na ocasião.

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