Meu saudoso avô Esperidião Marcolino criava cabra leiteira só para emprestar para as “mães da seca”. Quando a criança nascia, os pais pediam emprestada uma fêmea em fase de aleitamento. Quando parava de beber leite, o animal era devolvido e emprestado para outra mãe.
A raizeira
A história das raizeiras, doutoras em medicina popular, formadas no mato, está diretamente ligada às comunidades tradicionais. Rezadeiras, parteiras e quebradeiras de coco também fazem parte deste grupo de forte expressão cultural e patrimônio imaterial. …Ler mais.
Adeus Florência
Foi ela quem me ensinou, entre uma conversa e uma consulta, que só se morre quando Deus quer. Medo grande era o de morrer antes do tempo e ficar por aqui vagando até ser chamada para… eternidade? Não sabia nem se importava. Desde que fosse chamado d’Ele ela iria sem medo, mesmo reconhecendo que a morte nem sempre é coisa bonita, quase nunca coisa fácil. …Ler mais.
Próximo do fim
Zé Vítor é tranquilo, simples, gosta de contar histórias vividas por ele e por seus companheiros. Mas para Rodelas ele tem uma importância ímpar: é o último dos antigos penitentes – restam poucos mais jovens, mas que estão afastados das atividades religiosas. A história deste grupo secular e de fé católica, que cumpre sua jornada religiosa com maior vigor durante a Quaresma, pode chegar ao fim. …Ler mais.
Os mentirosos
Mané Bernardes era chamado de Bernaldo. Argemiro ficou conhecido como Azimio. Agumercino virou Amercino. Arcílio passou a ser, simplesmente, Arcilo. Por fim, Benevides ou Bené, como preferir. …Ler mais.
Dona Dulcina
Se quisesse, poderia seguir carreira em Olinda, onde se formou professora, ou no Recife. Mas Dulcina Cruz Lima optou por voltar à vila do Rudela para, em 1933, comandar uma das primeiras escolas do lado baiano do médio São Francisco. …Ler mais.
Seu Guilherme
Para entender o sertão e seu modo de vida é preciso conhecer seu Guilherme, 93 anos, de Casa Nova dos Marino, no povoado quilombola de Laje dos Negros, em Campo Formoso (BA). Sem contextualizar história e cultura, sem escutar o nonagenário e tantas outras pessoas que ali moram, perderemos o legado das 23 comunidades que formam Laje dos Negros.
Beata Castolina
Levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) chamado “Nomes do Brasil”, realizado com base no Censo Demográfico de 2010 aponta que apenas 57 pessoas foram registradas com o nome de Castolina. Uma delas nasceu nos anos 1920, no Rudela, como o município de Rodelas é conhecido. …Ler mais.
‘Remédios’ do sertão
Uma escada estreita leva à “Farmácia do Doutor Cumpadinho”, no primeiro andar de uma casa comercial no Beco do Mocó. Sentado estrategicamente, ele acompanha subidas e descidas por um espelho fixado na porta, tal qual um retrovisor de um caminhão. …Ler mais.
O folheteiro
Nos últimos dez anos, Jurivaldo Alves da Silva, que prefere ser chamado de folheteiro e não de cordelista, montou uma coleção de mais de quatro mil títulos das obras dos principais poetas populares do Brasil – uma das maiores que se tem conhecimento. E pretende fundar um museu. Os livrinhos estão guardados numa chácara, onde, se dependesse da sua vontade, já estava montada a biblioteca e aberta à visitação dos admiradores e de estudiosos do tema. Esbarrou nas dificuldades financeiras. Na ponta do lápis, as contas são mais difíceis de fechar do que uma sequência de rimas. A concretização do sonho vem sendo adiada – ele não sabe até quando. …Ler mais.