Nossa história hoje é sobre o menino rezador Rafael. Aos 12 anos, ele já se inquietava no desejo de seguir os passos da avó octogenária, rezadeira afamada. Dela aprendeu as primeiras rezas e iniciou-se, ainda criança pagã, a fazer o bem na comunidade em que reside.
Contraveneno
Usado por algumas benzedeiras em seus processos de cura, o cuspe é milenarmente conhecido. Afinal foi com saliva que, segundo o Evangelho de Marcos, Jesus curou um cego de nascença. A cultura popular e a medicina rústica se arvoram em curas e benzimentos, e é antiquíssima a fórmula que reza: “Jesus, Maria e José, cuspe em jejum mezinha é!”
Os curadores de cobra são conhecidos por todo o Brasil. Costumam, como Seu Zé Galego, serem identificados na tenra infância ao serem provados na própria carne escapando ilesos dos mais bravos venenos.
Foi assim com o nosso amigo entrevistado – a partir daí a sua própria saliva ganhou valor positivo e passou a salvar animais das peçonhas malditas que inexoravelmente os levaria a morte.
Hoje, aos 78 anos, sem nunca ter recebido dinheiro pelos seus inúmeros salvamentos, vive em paz em sua roça em companhia da cadelinha que é a luz da sua vida, com o coração tranquilo por só fazer o bem sem amealhar nisso caraminguás que lhe favoreça riqueza.
Nota da redação: Meus Sertões adverte que a cura para o veneno de cobras e de escorpiões só é cientificamente comprovada após o uso de soros antiofídicos e antiescorpiônicos. Em caso de picadas, leve a vítima imediatamente para um hospital.
Ajuda à morte
Desde a Idade Média, os manuais de bem morrer compilam tradições e superstições de todos os tempos.
Ai de quem morresse “de repente”!
Sonhos e feitiços
Olhos esverdeados e boa visão, os sapos, por terem apetite voraz foram criados em algumas regiões do mundo para dar conta dos insetos, pois, para maior eficiência, possuem línguas compridas alcançando as suas pequenas presas a longa distância.
Mata protegida
“O Caipora existe sim. É o rei dos bichos como um cachorrão de pêlos tão grandes que descem da barriga ao chão. No rosto tem feição de gente.” Assim começa a sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo, Aluísio de Almeida, em 15 de junho de 1945.
Pagando pecados
A culpa nos colocou na terra e nos fechou as portas do paraiso. A vida eterna é certeza dos cristão que partem deste mundo em conciliação com Deus, quite com a sua história.
Mas há o purgatório! Esta grande “invenção” medieval que nos coloca em compasso de espera a arder em fogo e pagar por erros ainda passíveis de perdão e que abriga almas desconsoladas capazes de salvação.
No dizer da nossa amiga, ainda se pode cumprir na terra o que ficou a dever, sem se livrar do fogo que castiga.
Na narrativa de Dona Zifa a doutrina é recheada de fantasias e espantos, uma “exempla” a querer ensinar que “aqui se faz e aqui se paga”, mesmo depois de morto.
De Caldas do Jorro, município de Tucano, em visitas cheias de assuntos em sua varanda, Dona Zifa conta histórias incríveis com seu falar de mulher experiente, sabida das coisas. Vejamos o que nos revelou a amiga do sertao baiano, a ensinar para o mundo os pesares de um cidadão que enganou uma moça e teve que pagar mesmo depois de morto em trânsito curioso entre a terra e o purgatório.
A anta possuída
Não é de hoje que lugares recebem o nome de um acontecimento, aspecto geográfico ou pessoa que tiveram uma história marcante na região.
Cosme e Damião
Ibitiara é um município da Chapada Diamantina com população estimada de 16.403 pessoas pelo IBGE, em 2020. Sessenta por cento dos habitantes vivem na zona rural do município, cuja área é 2,7 vezes maior do que Salvador, de onde está distante 550 quilômetros ou oito horas de viagem. Seu primeiro nome foi Remédios porque os desbravadores do século XVIII (18) acreditavam que as águas que nasciam em suas nascentes tinham qualidades terapêuticas.
Irmão das almas
Cícero Lázaro Gonçalves Moreira, um assinante do canal de apenas 24 anos, muito nos ensinou e será o protagonista do programa de hoje. Vocacionado desde a infância, era um menino observador a aprender as “incelenças”, benditos e benzeduras, desde o tempo da sua bisavó, Índia pega em dente de cachorro lá pelo Ceará, que muito lhe ensinou é tanto silenciou sentenciado “nem tudo que se sabe se ensina!”
Jovem rezador
Uma das grandes alegrias que este programa me deu foi poder trazer para o canal um rezador jovem de apenas 26 anos, pernambucano do Município de Dormentes que dá continuidade às tradições a ele passadas pelo seu padrinho, João, rezador afamado, que desde a sua infância notou-lhe a vocação ao serviço do outro e o ensinou a promover curas pelo poder de benzimentos.