Corpus Christi em tempo de pandemia

Os tapetes de Corpus Christi (“Corpo de Cristo” em português) são uma tradição trazida de Portugal para o Brasil no século XVIII. No passado era comum a utilização de serragem e sal para representar cenas bíblicas e objetos de devoção no trajeto por onde passava a procissão da Eucaristia. Atualmente, são empregados diferentes materiais como borra de café, flores, areia, dentre outros.

A Eucaristia é uma referência à Última Ceia de Cristo e seus apóstolos, durante a Semana Santa. Acredita-se que durante o ritual ocorre algo conhecido como transubstanciação, no qual os elementos (hóstia e vinho), após consagrados, se transformam na carne e no sangue de Cristo. A celebração ocorre 60 dias após a Páscoa, sempre em uma quinta-feira.

A tradição dos tapetes é mantida em diversas cidades sertanejas, dentre elas, Riachão do Jacuípe e Ichu, na Bahia. Este ano, por exemplo, a comunidade do Mucambo, que tem como padroeira Santa Luzia, utilizou milho, pétalas de flores, folhas seca e verdes, brita e búzios para fazer belas imagens. Apesar da simplicidade, chega a ser comovente quando percebemos que o material utilizado tem tudo a ver com a realidade dos trabalhadores rurais. As peças foram confeccionadas pelo grupo de catequistas:

corpus christi no sertão
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“É um trabalho feito pelo grupo de catequese e as mães das crianças que confeccionam os tapetes para dar sentido aos filhos sobre a importância da Eucaristia” – explica Idelcina Oliveira, coordenadora da comunidade religiosa.

Em Ichu, a celebração em homenagem ao sacramento da Eucaristia, que relembra a morte e ressurreição de Jesus Cristo., foi realizada com modificações por causa da pandemia. Os tapetes foram feitos em cartolina e papel metro na casa de cada componente do grupo de produção para evitar aglomeração na igreja. Nos anos anteriores foram utilizados areia, borra de café, fubá e serragem.

Depois de pronto, os tapetes foram levados para serem fixados no local de passagem da procissão. Esta também realizada de acordo com normas de prevenção à covid-19. O curto cortejo contou apenas com o pároco e um número reduzido de sacristãos, utilizando máscaras. Os fiéis permaneceram na igreja, mantendo distância mínima de dois metros entre eles.

–*–

Agradecemos a Edcarlos Almeida, de Ichu, e Idelcina Oliveira, de Riachão do Jacuípe, a colaboração e a cessão das fotos.

 

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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