Ajuda à morte

Desde a Idade Média, os manuais de bem morrer compilam tradições e superstições de todos os tempos.

Ai de quem morresse “de repente”!

A “passagem” sempre foi coisa a requerer atenções! Cuidava-se dos preparativos mundanos pelos testamentos onde se recomendavam não só os bens materiais, mas missas, cantos, velas e esmolas – garantias para a vida eterna; e do espírito, com contrição e orações na espera do perdão dos pecados.

Aí vinham amigos, familiares, carpideiras e a figura indispensável dos cantadores de “excelências” O fato aqui relatado, ouvido por mim e a mim contemporâneo, aconteceu no sertão baiano e nele vemos remanescer a figura da pessoa orante que aconselha, reza e ajuda a morrer atuando como facilitadora no reconhecimento dos pecados e no pedido de perdão.

A boa e experiente Florência “Deus chame lá!”, do povoado Olhos d’ Água, em Tucano (BA) era habituada aos moribundos e intima da morte a quem encarava cheia de coragem e conhecendo-lhe as manhas.

Aqui conta-nos a passagem trabalhosa e sofrida da conterrânea que fizera sofrer um animal e a quem foi declarado profeticamente: “só conseguirá morrer se pedir perdão à jega” e que por isso sofrera, pelo ato maldoso, malvado, merecedor de perdão vivido em meio ao sofrer que complicou a sua morte de algoz.

Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.

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