O Cristo indígena, nascido no bioma caatinga castigado e maltratado pelo homem com sua ganância usurpadora. O Menino Deus que respira o cheiro da umburana, da juremeiras e dos licuris e está cercado de umbus, que dão mais gosto a cada amanhecer. Da caatinga, as flores dos gravatás, das macambiras e dos incós perfumam o ambiente. Os ipês amarelos, os calumbis e a barriguda embelezam com maestria o solo seco e rachado de massapê. O canto dos coleiros, bem-te-vis e nambus fazem a sinfonia, enquanto uma gota de chuva multiplica os milagres e deixa o verde acontecer.
A lapinha de Inês
Dona Inês Carneiro de Almeida, 80 anos, este ano levou dois dias para armar a lapinha (abrigo, gruta, presépio) que enfeitará a casa dela no Natal. Foi um trabalho metódico, no qual utilizou pedras, blocos (tijolos), isopor, tocos e jericó, vegetação da caatinga conhecida como planta da ressureição – ela se fecha e aparenta estar seca no verão e se abre com a coloração bem verde com os primeiros pingos de chuva.
Zoada de bilros
Aonde há rede há renda!
A Capina do Monte de Serra Preta
Os relatos dos moradores de Serra Preta, no sertão baiano, dão conta de que seus ancestrais que viveram mais de 100 anos já participavam da Capina do Monte, festa tradicional, mistura de fé, devoção, alegria, música, dança e comilança. No entanto, ninguém sabe explicar quando e porque a população começou a subir o Monte da Santa Cruz, capinando e cantando por mais de cinco horas. Com a conclusão do trabalho são feitas orações. Em seguida, os participantes descem o morro batendo pedras nas enxadas e entoando cantigas até se encontrarem com a zabumba (fanfarra) e dar início a um carnaval fora de época.
As velas
Enfeitam, iluminam, afastam os maus e os males. Está presente no batismo e na morte, nos bolos de aniversários e nos altares, nos pedidos de graças e nas rezas de gratidão, na doação ritual em sacrifício e na proteção dos lares.
Dom espiritual
De uma tarde aconchegante na casa de Mãe Iraci, eu trouxe ensinamentos e ternas lembranças.