Memórias

O Cangaço, movimento armado iniciado final do século XIX por nordestinos nômades em torno de disputas de terras, vinganças e rebeldias, teve em Virgulino Ferreira, Lampião, um ícone cujo nome se perpetua Brasil e mundo afora, temperado pelo sempre rico imaginário popular que acentua maldades e mitifica benesses que faz do homem o mito de quem hoje ainda se escuta falar envolto em fantasias que o tempo só aumenta.

Viver no Sertão permitiu-me o contato com idosos que ainda tinham uma memória viva de alguns acontecimentos e que com uma graça e um espanto que a distância permite, deram-me a saber. De outros ouvi apenas daquilo que se falava já “há muitos e muitos anos”, como o saber dos talheres de ouro que o afamado cangaceiro usava de modo que o metal reagia com qualquer substância venenosa que por má intenção lhe fosse servida denunciando o articulador da tentativa homicida.

Para hoje os relatos de Abdias e Maria Francisca ilustram o que ainda se sabe e se diz pelo paragens em que Lampião andou e do rastro de medo que semeou por onde o seu nome se fez ouvir. Do primeiro, o parente que, feito refém, serviu de guia ao cangaceiro pela região. Da segunda, a remota lembrança da maldade física de que Lampião era capaz de exercer com cruel gratuidade.

 

Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.

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