Pneus de Acupe

O distrito de Acupe, em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, surgiu a partir da instalação de engenhos de cana de açúcar durante o período colonial. Com população majoritariamente negra e indígena, também ficou conhecido por manifestações populares como Negro Fugido, apresentado todos os domingos do mês de julho.

Acupe, palavra indígena que significa “Terra Quente” ou “Rio Quente”, na versão do geógrafo Teodoro Sampaio (1855-1937), também serve para designar “o ponto mais alto de um lugar”, de acordo com o professor Edivaldo Boaventura (1933-2018).  É neste distrito, cuja população no censo de 2010 era de 7.451 habitantes, que o artesão Arnaldo Ramos, 53 anos, desenvolve desde 2016 o projeto “Pneus: soluções sócio ambientais”.

Arnaldo vê a matéria-prima que utiliza para fazer brinquedos (o pula-pula é o preferido das crianças), poltronas, rede de balanço, manilhas, pufes, motos usadas em decoração e outros 22 itens como alternativa de renda e solução ambiental. Ele cita que anualmente no Brasil são descartados cerca de 50 milhões de pneus e o artesanato é a melhor forma de aproveitá-los.

Ele começou a desenvolver o trabalho, após ver e gostar de uma cadeira feita com pneus. Curioso, levou sete meses para fazer uma igual. Um dia encontrou um colega que fazia o mesmo produto em duas horas e se animou.

Hoje uma praça e pelos menos duas creches de Acupe possuem brinquedos e outros objetos feitos pelo artesão. Foram eles que a atraíram a atenção do fotógrafo Severino Silva, durante a cobertura das apresentações do “Negro Fugido” este ano.

“Fico preocupado com o futuro da juventude porque muitos estão tomando caminho errado. Creio que o município poderia estabelecer políticas públicas através de programas diversos para resolver problemas de saneamento o e outras soluções ambientais, gerando emprego e renda para os jovens” – diz o artesão em entrevista gravada em vídeo por Severino.

Uma poltrona de pneus é vendida por valores que variam de R$ 250 a R$ 300, dependendo do modelo.

Severino Silva Contributor

Paraibano, foi morar no Rio de Janeiro ainda criança. Severino Silva aprendeu a fotografar no jornal O Globo, onde foi contínuo. Passou por cinco redações e é considerado um dos três melhores fotógrafos do Brasil na cobertura de conflitos urbanos. Ganhou vários prêmio nacionais de fotografia.

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