Itabi

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A pequena cidade de muitas histórias

Por Camila Gabrielle

Duas pedras. Este é o significado do nome Itabi. O pequeno e pacato município, localizado no sertão sergipano, possui população estimada de 4.921 habitantes, em 2018, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O município integra a mesorregião do Sertão do São Francisco.


Itabi completa 65 anos em 25 de novembro deste ano, porém sua história é mais antiga. Começou em 1821, quando os caçadores José Ferreira de Gois e Antônio José dos Santos, vindos da Fazenda “Sítios Novos”, atual município de Canhoba, a 26,5 quilômetros de distância, descobriram uma lagoa perto da Pedra da Paciência, que hoje é um dos pontos turísticos da cidade.

A lagoa tinha muitas panelas de barro nas imediações, quando a região era ocupada pelos indígenas Tupi-Guarani. Por este motivo, o local ficou inicialmente conhecido como “Lagoa das Panelas”. Os desbravadores anunciaram a descoberta nas feiras de Propriá, município a cerca de 30 km em linha reta de Itabi.

A notícia chegou ao conhecimento de Manoel Quinca Palatem, comerciante de açúcar e senhor de engenho no povoado Cutia, município de Capela (SE). Ele se mudou para o local com sua família e escravos.

Em 1884, foi celebrada a primeira missa ali, pelo padre Francisco Gonçalves de Lima. Dois anos mais tarde, após a construção da primeira capela, a imagem de Nossa Senhora da Conceição foi introduzida. Hoje, a santa é a padroeira da cidade.

Após o evento religioso, o lugar ficou conhecido como “Nossa Senhora da Providência”, se tornando Itabi em 1944, nome sugerido pelo poeta sergipano Simeão Sobral. A emancipação foi realizada no dia 25 de novembro de 1953.

economia, clima e solo

De acordo com o Censo de 2010, a cidade de Itabi possui 30 comunidades. Pouco menos da metade de sua população é rural (2.220 habitantes). O município, que já foi um dos principais produtores de algodão em Sergipe, atualmente produz feijão, milho e mandioca.

 

Gado leiteiro. Foto: Camila Gabrielle.
Gado leiteiro. Foto: Camila Gabrielle.

A criação de animais também merece destaque. A maior produção é de galos, frangos e pintos (cerca de 46 mil cabeças), seguida de bovinos (13 mil), ovinos e suínos. Além disto, existe a produção de leite (7.525.000 litros por ano) e ovos de galinha (25 mil dúzias anuais). Os dados são da pesquisa de Produção Pecuária Municipal do IBGE (2010 a 2012).

O esperado período chuvoso vai de março a agosto. Nesta época, os sertanejos aproveitam para plantar, principalmente milho e feijão. O milho é a base da ração animal. Tudo é aproveitado: da palha ao sabugo.

O solo de Itabi é raso, sem presença de água, pedregoso e/ou rochoso. Há também o tipo “podzólico”, que tem como características a profundidade, teor considerável de nutrientes, podendo ter pedras e cascalhos. Isso dificulta a generalização, mas se não houver pedras, provavelmente será bom para a agricultura.

Outro tipo de solo é o “eutrífico”, de boa fertilidade.

Itabi possui uma área territorial de aproximadamente 183 km2. Cerca de 25% dos domicílios possuem rede de esgoto adequada. Ainda segundo o IBGE, 75,2% de domicílios urbanos em vias públicas têm arborização e 16,1% possuem bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio.

Rio São Francisco

Quem faz a captação de água no município é a Deso – Companhia de Saneamento de Sergipe. Em Itabi, a cidade e 14 povoados são abastecidos pelo Sistema Integrado Adutora Sertaneja. A água é captada no rio São Francisco, no povoado São José (Amparo do S. Francisco), em Sergipe.

Rio São Francisco. Foto: Camila Gabrielle
Rio São Francisco. Foto: Camila Gabrielle

As águas do rio têm sido utilizadas na exploração do solo, agropecuária, industrias e agroindústrias, turismo ambiental, geração de energia elétrica, navegação e abastecimento de água. Tamanho uso pode estar ocasionando a redução do volume de água no rio.

Muitos povoados ainda não possuem água encanada, apenas cisternas. Isto gera uma dependência de carros-pipas, cuja distribuição tem conotação política e pode ser utilizada como forma de obtenção de voto no período eleitoral.

 Corrida do Jegue

Quando Itabi começou a ser habitado, o trabalho no campo ainda era feito por escravos. O principal meio de transporte da época era o jegue. O animal também era utilizado para trabalhos no campo.

Monumento ao jegue. Foto: Camila Gabrielle
Monumento ao jegue. Foto: Camila Gabrielle

Em reconhecimento à utilidade deste bicho, foi criada a “Corrida do Jegue”, em 1979, em Itabi.  Dezoito anos depois, novas atrações – shows, desfiles e cavalgadas – foram incluídas ao evento, que teve o nome modificado para “Festival do Jegue”.

A tradicional festa faz parte da cultura e tradição da cidade, que ergueu até um monumento para o asno.

Itabi, apesar de pequena, guarda grandes histórias.

MATÉRIAS E FOTOS Produzidas POR CAMILA

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Camila Gabrielle Contributor

Camila Gabrielle nasceu em Salvador (BA) e foi criada em Aracaju (SE). Jornalista, ex-assessora de imprensa da prefeitura de Bauru (SP), é autora do documentário “O sertão entre a flor e o espinho”.

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2 respostas

  1. Parabéns Camila, eu até me emocionei ao ler sua matéria, e fui remetida instantâneamente ao passado que minha avó paterna nos contava, meu Deus como nosso passado é rico e de importância histórica para a nova geração, estou montando a árvore genealógica de nossa família, a fim de recontar commos detalhes a história sofrida e apaixonante de nossos antepassados aos meus filhos e sobrinhos, que fazer o brasão familiar e se Deus quiser e me ajudar gostaria sim de escrever uma biografia sobre a vida de minha Avó Edite dos Santos de Aragão, nascida em Itabí, moradora de Sergipe até os 50 anos de vida, viúva de Manoel Vieira Lima (cacheiro viajante), ficaram residência num local chamado Guedes Sergipe também e tiveram 12 filhos, após a morte de meu avô, minha avó teve que partir numa viagem em um pau de arara até São Paulo com seu filhos, uma história de muita aventura, medo, superação e coragem e muita fé! Adoraria conseguir um exemplar de seu livro, isso irá me dar subsídios e recordações das histórias ouvidas e o principal, a alegria de ler sua história me faz sentir viva e muito orgulhosa em tentar manter viva nossa linhagem e o verdadeiro motivo do porque somos oque somos, fortes e determinados! O tempo nos trouxe de presente a curiosidade de resgatar as nossas raízes! Muito Obrigada pela atenção e tens o meu carinho e respeito! Se puder me escrever para eu conseguir um exemplar de seu livro, estaria imensamente grata!

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