O gênio do bronze

Deocleciano Martins de Oliveira fez a cidade de Barra (BA) ficar mais bela e culta. Ele era torcedor e integrante do Riachuelo, uma das três agremiações com nomes de batalhas da Guerra do Paraguai que desfilam durante a festa de São João na cidade.

Podemos falar muitas deste barrense ilustre e Meus Sertões acredita só estar começando a fazer isto. O início consiste em um resumo da biografia e esculturas que fizeram parte do chamado “Ciclo de Bronze”.

As obras de Deocleciano estão espalhadas por cinco estados (Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Pernambuco e Rio de Janeiro), sendo que a maioria se encontra em seis cidades à beira do rio São Francisco. Focaremos hoje as belíssimas esculturas instaladas nas ruas, praças e até em um dos três cemitérios de Barra.

Apenas como registro e exceção, vale citar que dele também são as quatro esculturas existentes no entorno do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. “Lei”, “Justiça”, “Equidade” e o “Testemunho” estão no TJRJ desde 1966.

Injustamente pouco conhecido em seu estado e no Brasil, Deocleciano nasceu em 9 de março de 1906. Sua vida girou entre  as letra,  a lei e a arte. Quando o comércio do avô, Joaquim Vim Vim, faliu, a família mudou-se para Cuiabá (MT). O futuro artista tinha 17 anos e ali, onde se aventurou pelo jornalismo, concluiu o curso ginasial.

Do centro-oeste partiu para o Rio de Janeiro, onde formou-se em direito, em 1931. Foi auditor da justiça militar, comissário de polícia, juiz do antigo Distrito Federal e desembargador. No entanto, se destacou ainda mais nas artes: literatura, pintura, escultura. Todas as suas obras eram inspiradas na cultura dos povos ribeirinhos. Na década de 1950, iniciou o Ciclo do Bronze.

Deocleciano é citado no livro “Barra – Um retrato do Brasil”, da professora Joana Camandaroba e do frei Arlindo Itacir Battistel como um “gênio da arte poética (…) um monstro (…) no bom sentido”. O artista-desembargador morreu em 1968, no Rio.

Conheçamos agora um pouco de seu trabalho artístico, acompanhado de um pouco de tristeza, pois algumas esculturas estão abandonadas, descaracterizadas e pichadas.

GALERIA A CÉU ABERTO

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*Meus Sertões agradece ao ator e produtor Dedê Maurício por nos guiar pelos caminhos da cultura de Barra.

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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11 respostas

    1. Boa tarde.

      Estou pesquisando sobre o monumento de bronze do bandeirante Paschoal Moreira Cabral, esculpido por Deocleciano Martins de Oliveira Filho, que se encontra na cidade de Cuiabá – Mato Grosso. Poderia entrar em contato, gostaria de mais informações.

      Aguardo retorno,

      Atenciosamente,

    2. Olá Leandro, tudo bem?

      Estou fazendo um trabalho de faculdade sobre artistas brasileiros e adoraria saber um pouco mais sobre seu avô, ficaria muito grato se pudéssemos fazer algum contato por e-mail ou mensagem.

  1. Ontem descobri sobre a existência de Deocleciano pesquisando aqui na internet sobre a escultura ” São João Batista do Apocalipse” que fica aqui em Petrolina, próxima de onde moro. Até então pensava ser um índio, não tinha lido nem visto nada sobre ela,não sabia a que se referia a estátua, quem era, ou que representava, então depois de anos passando por ela resolvi pesquisar. Fizeram reportagens sobre ela , mas não vi.Pesquisando descobri esse artista incrível e suas esculturas!
    Ela foi restaurada há dois anos e ganhou uma pintura, infelizmente, penso que só feita a limpeza, tirado as pichações e ferrugens teria sido melhor.

  2. Penso também que a transmissão do legado de um artista deve-se a alguém que descubra, cuide e revele a arte e o valor de um artista para a comunidade ou o mundo. A cunhada de Van Gogh cuidou de guardar e transmitir o legado dele.

    1. Janaína, seus comentários são muito interessantes e pertinentes. Muito obrigado por expressá-los. Ficamos felizes em ter encontrado algumas informações sobre Deocleciano. Grato pelo contato.
      Equipe Meus Sertões

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