Pouco antes da décima segunda badalada, havia olhares atentos pelas frestas das janelas de madeira nas casas próximas. A rua deserta e iluminação fraca dos postes criavam a atmosfera de tensão. Ou melhor, de medo. Medo de ser surpreendido pela procissão com homens vestidos de capuzes e mortalhas brancas ou enrolados em lençóis, fazendo súplicas. Medo de que se confirmasse a lenda de que o último dos penitentes não pisa no chão. É uma alma que acompanha a procissão.
Os lobisomens do Cedro
No tempo em que não havia grades nas portas e janelas das casas de Cedro de São João (SE) e os assuntos principais não eram assaltos e arrastões, os moradores ficavam sentados na calçada até tarde, muitas vezes ouvindo contadoras de histórias, como Noêmia Nunes, já falecida, desfiar relatos sobre homens que viravam lobos. As crianças, quietas na esteira estendida nas calçadas, prestavam atenção a tudo. …Ler mais.
Do tempo do salamim
Francisco Gomes de Nero, o Chiquinho, entrega a idade quando utiliza o salamim (ou celamim) para se referir a quantidade de farinha que sua fazenda produzia. Essa antiga medida, de origem árabe, foi utilizada em Portugal e no Brasil até a segunda metade do século XIX. No Nordeste, avançou pelas primeiras décadas do século XX, pois não havia balanças e a farinha e grãos eram comercializados em compartimentos de madeira, divididos em litros, salamim (14 litros) e saco (quatro salamins). Só os antigos sertanejos sabem disso. Seu Chiquinho, aos 96 anos, é o morador mais velho de Cedro de São João (SE).
Macondo real
Batinga, localizada na cidade de Cedro de São João (SE), era a 13ª estação do trecho Aracaju-Propriá, onde se ligava com a linha que seguia para Recife (PE). …Ler mais.
Por amor à natureza
Há pelo menos 17 anos, ONGs e entidades ambientais têm lutado pela criação do Parque Nacional do Boqueirão da Onça, área que abrange 862 mil hectares no Estado da Bahia e engloba os municípios de Campo Formoso, Juazeiro, Sento Sé, Sobradinho e Umburanas. …Ler mais.
Miguel e a alumã
Prestes a completar 87 anos em julho, Miguel Martins do Reis mantém a rotina de acordar muito cedo e ir a pé para sua plantação a dois quilômetros de casa, em Cedro de São João. Lá, passa o dia “aguando e cuidando das plantas”. …Ler mais.
Inveja do olhado
Dona Teresa Maria de Jesus, nascida e criada na localidade de Pau Branco, em Tucano (BA), é uma rezadeira especializada em tirar mau-olhado das pessoas. Sua longa prece começa com uma frase curiosa: “Olhado, quebranto, invejo você”. Inclui ainda muitos Pai Nosso e muitas Ave Maria.
Outra coisa que não pode faltar no ritual são raminhos de folhas de “vassourinha” ou “pinhãozinho roxo”. Durante a reza, também são citas Nossa Senhora do Desterro e Nossa Senhora do Livramento, que têm a missão de desterrar e livrar as pessoas do mal.
Teresa vem de uma família de rezadores. O que sabe aprendeu com a avó. Tem um sobrinho cego que, segundo ela, cura as pessoas, “mas não reza de boa vontade”.
A história dessa rezadeira, que diz não ter tanta fé quanto quem lhe procura, é contada pela médica e pesquisadora de cultura popular Helenita Monte de Hollanda.
A casa dos Almeida
O imóvel considerado o número um de Jeremoabo fica na rua da Matriz 116, atrás da Igreja de São João Batista. Ele tem o sobrenome de seus proprietários e é conhecido como Casa dos Almeidas. Sua preservação é feita por Sebastião Gonçalves Passos e sua mulher Antonieta, descendente dos antigos donos. O casal mora no imóvel vizinho.
Candomblé rural
“A cancela do meio bateu/ Quando vi Boiadeiro chegar/ Chegou José da Boiada/ Chegou José Boiadeiro/ Ô, quem vem lá sou eu/ Quem vem lá/ Eu sou/ A cancela do meio bateu / Boiadeiro de mina sou eu” …Ler mais.
Beata Castolina
Levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) chamado “Nomes do Brasil”, realizado com base no Censo Demográfico de 2010 aponta que apenas 57 pessoas foram registradas com o nome de Castolina. Uma delas nasceu nos anos 1920, no Rudela, como o município de Rodelas é conhecido. …Ler mais.