Biomas e vida

A Campanha da Fraternidade (CF) 2017 tem como tema: “Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida” e subtema “Cultivar e guardar a criação”. O objetivo é chamar a atenção para os problemas ambientais de nossas cidades, incluindo a redução de recursos hídricos, e fazer com que as pessoas lutem pela preservação dos biomas e façam propostas concretas junto aos órgãos e poderes públicos.

A CF foi criada em 1961, por três padres da Caritas Brasileira, como campanha de arrecadação de fundos para obras assistenciais. Na Quaresma de 1964, passou a ser realizada nacionalmente, impulsionada pelo Concílio Vaticano II com a proposta de fazer com que cristãos/cristãs, leigos e leigas se aprofundassem em questões cruciais para a sociedade, a fim de torná-la mais justa e solidária.

Surgia assim, durante o início da ditadura civil-militar que se instalou no Brasil, suprimindo as liberdades individuais e coletivas, uma proposta libertadora que visava trazer para o país um novo modo de atuação da Igreja Católica.

Desde então a campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização desenvolvida no período da Quaresma para ajudar todos a viverem fraternalmente em compromisso concreto com o processo de transformação social a partir de um problema específico, definido a cada ano.

A CF tornou-se uma especial manifestação de evangelização libertadora, provocando ao mesmo tempo a renovação da vida da Igreja e a transformação da sociedade a partir de uma problemática que, tratada a luz do projeto de Deus, clareia a vida do povo.

QUESTÕES AMBIENTAIS

Cartaz da Campanha da Fraternidade

A campanha tem trazido à sociedade uma discussão sobre questões ambientais, como degradação e destruição de recursos naturais, provocada pela ganância humana e por interesses de grandes empresas. É a sexta vez que este tema é tratado.

A primeira aconteceu em 1986, com o lema “Fraternidade e Terra” e o subtema “Terra de Deus, terra de irmãos”. O foco era a má distribuição da terra no Brasil, como foi proposto pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Em 2002 a CF voltou a discutir outro problema crônico: as condições de vida dos povos indígenas. O lema desta vez foi “Por uma Terra sem Males”, que ressaltava a disputa entre os indígenas e os latifundiários que tentavam expulsar os povos tradicionais de suas serras, usando poderio bélico.

A água foi o tema central em 2004. Seu lema era “Água, Fonte de Vida”. Naquela ocasião a crise hídrica pautava os assuntos em todos os meios de comunicação. A proposta era não permitir o desenvolvimento do hidronegócio, levando em consideração que a água é um bem da humanidade.

Em 2007, tendo como parceiras as organizações da luta por uma floresta livre dos desmatamentos, a campanha foi centrada na Amazônia. Seu lema foi “Vida e Missão Neste Chão”.

Quatro anos depois, a Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros entendeu que o problema ambiental era mais amplo e profundo e implicava na vida das da população mundial. Com isto, fez reflexões voltadas para a vida do planeta. Tendo como subtema “A criação Geme em Dores de Parto”.

Em 2016 e 2017, impulsionada pela dimensão espiritual do Papa Francisco, que questiona as degradações ambientais e inspirada na encíclica “Laudato Si” (“Louvado Seja”), a Campanha da Fraternidade convoca todos a se aprofundarem nas questões ambientais que implica na manutenção da vida em nosso planeta.

Ano passado, trabalhou-se o tema “Casa comum, nossa responsabilidade”. A casa comum é o nosso planeta, o ambiente que vivemos e que devemos cuidar para bem de todos e todas.

Agora, reforça o nosso compromisso de cristão, trazendo como tema central das discussões “Biomas Brasileiros e Defesa da Vida”, cujo lema é “Cultivar e Guardar a Criação”.

Esperamos que essa Campanha da Fraternidade possa despertar o ardor missionário e compromisso com a sociedade e que possamos de fato fazer gestos concreto em favor da vida no planeta.

Particularmente, em nosso bioma caatinga (semiárido) se faz necessário um debate entre a sociedade, o poder público, organizações não governamentais, igrejas e pessoas de boa vontade que queiram se somar a luta comum.

Nascido em Teixeira de Freitas (BA), Joabes R Casaldáliga, aos 10 anos, participava das reuniões das Comunidades Eclesiais de Base. Era levado pela mãe, adepta de religião de matriz africana, que ia aos encontros para discutir os problemas da comunidade em que moravam, em Itamaraju. Cresceu entre o sincretismo, cantos, rezas, benditos, incelenças e a luta pela reforma agrária. Sua vida foi marcada por um encontro com José Comblin, padre que lançou as bases da Teoria da Enxada. É fotógrafo, comunicador popular e integrante da Pastoral da Juventude Rural.

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