O sono do rio

A médica e pesquisadora de cultura popular Helenita Monte de Hollanda colheu depoimento interessante do pescador Reginaldo Souza, em Xique-xique (BA), acerca de lendas e histórias do rio São Francisco.

Reginaldo Souza, pescador há 20 anos, é bem crítico com relação aos seus próprios colegas, apontando-os também como responsáveis pela drástica redução do pescado.

“Eles limpam o fundo dos rios, destruindo os locais onde os peixes desovam. Pegam os peixes grandes e pequenos. Pai e filho. Matam tudo” – explica.

Entre os anos 1980 e 2000, segundo Souza, havia peixes em abundância. Em um único dia era possível encher um barco de pescado.

Souza também é descrente com relação a existência de figuras folclóricas como o “Cumpadre d’ Água” ou “Nego d’Água”:

“Nunca vi nada de Pirapora a Pilão Arcado” – conta ele, que diz dormir nos barrancos do rio quando sai para pescar por vários dias.

Apesar da ênfase que fala sobre sua descrença, diz conhecer pessoas que ficaram loucas ao tomar banho à meia-noite, a hora em que o rio dorme. Cãmara Cascudo registrou a existência dessa história também na Europa e na Ásia. E Helenita conta o que acontece nos dois minutos em que as águas param.

Reginaldo Souza só abre o sorriso para explicar porque muitos dos barcos de pescadores têm nome de mulher.

Nasceu e cresceu numa típica família brasileira. Potiguar, morando na Bahia há vinte anos, é médica de formação e pesquisadora da cultura popular. Nos últimos 10 anos abandonou a sua especialidade em cardiologia e ultrassonografia vascular para atuar como médica da família na Bahia e no Rio Grande do Norte, onde passou a recolher histórias e saberes. Nessa jornada publicou cinco livros.”. No final de 2015 passou temporada no Amazonas recolhendo saberes indígenas.

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