A igreja da Divina Pastora – Série: parte 7

A imagem de Nossa Senhora Divina Pastora, que é invocada por outros nomes sendo o segundo mais comum Nossa Senhora Mãe do Divino Pastor, e o painel da Paixão de Cristo chamam a atenção na igreja do Mosteiro de Jequitibá, hoje abadia e paróquia, na cidade de Mundo Novo, no sertão baiano. A escultura da pastora com o menino Jesus no colo, segurando um cajado, cercada por ovelhas e próxima de um anjo, foi doada pelo Convento do Desterro de Salvador (BA), o mais antigo mosteiro feminino do Brasil. Ele foi fundado por monjas clarissas, vindas de Évora, em Portugal, em 1677.

 

Isabel Tude de Souza, mulher do empresário que doou as terras para a construção de uma escola e do monastério, era devota da santa e pediu encarecidamente para que ela fosse levada para a fazenda Jequitibá, no que foi atendida. A origem da imagem é desconhecida.

Igreja da Divina Pastora. Divulgação
Vista da Igreja de Nossa Senhora da Divina Pastora, na Fazenda Jequitibá. Divulgação

Divina Pastora também é o nome da fundação que gerencia o Mosteiro de Jequitibá e suas propriedades, assim como serviu para batizar a atual igreja. Ao contrário dos beneditinos que prezam a pompa em suas igrejas, catedrais e ritos, os cistercienses, originários de uma divisão na Ordem de São Bento, prezam a simplicidade e buscam chamar a atenção para o essencial, que é Jesus Cristo, em seus templos. Isto inclui crucifixos e o coro, espaço para os monges entoarem músicas, muitas delas em latim.

A princípio, o mosteiro teve uma capela que funcionou no local do atual Museu de Arte Sacra ( https://meussertoes.com.br/2020/02/05/os-dois-museus-de-jequitiba-parte-3/ ). Isto porque as obras não foram concluídas por causa da 2ª Guerra Mundial. Segundo o irmão Bernardo Araújo, a igreja de Nossa Senhora da Divina Pastora só começou a ser construída há 25 anos:

“Ela é uma construção mais moderna, feita em 1979. Foi projetada para parecer o túmulo de Cristo. O arco está sempre iluminado para simbolizar o clarão que emerge da ressuscitação de Jesus. Os vitrais representam as cores do dia. As mais claras são os tons da manhã; as mais densas, da tarde; e as escuras simbolizam a noite” – explica.

Já o painel que representa a Paixão de Cristo foi pintado por um dos monges do convento.

Imagem doada pela antiga dona da Fazenda Jequitibá. Foto: Paulo Oliveira
Divina Pastora. Foto: Paulo Oliveira

A devoção à Divina Pastora teve origem na cidade de Sevilha, na Espanha, onde teria ocorrido uma aparição da santa, no dia 8 de dezembro de 1703. A Mãe de Jesus Cristo, segundo consta, teria surgido vestida como pastora em um local onde pastavam ovelhas. Ela trazia um cajado na mão, símbolo da proteção materna e foi chamada de Virgem de Zagala, aquela que cuida do seu rebanho.

Dois anos depois, a veneração da santa se propagou por toda a Espanha e pela América Latina. Em 1709, a Igreja Católica autorizou a criação da Irmandade da Divina Pastora. O principal santuário da Divina Pastora na América Latina fica na Ilha de Trindade, nas Antilhas. O culto também está presente na Venezuela, onde é padroeira do estado de Lara, e na Colômbia.

No Brasil, a santa é padroeira do estado de Sergipe e empresta seu nome a cidade onde milhares de pessoas fazem peregrinação anual ao Santuário de Nossa Senhora Divina Pastora. A Virgem também é padroeira dos municípios de Junqueiro, em Alagoas, em Gilbués, no Piauí.

leia a série completa sobre o mosteiro:

O mosteiro de Jequitibá Vida de monge Os dois museus do monastério O monge holístico A pousada e o claustro Arte medieval Despertar no mosteiro

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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