Ribeirão do Largo é uma pequena cidade do sudoeste baiano, com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Seus indicadores de renda, educação e longevidade a colocam entre os 254 piores municípios do país. As estradas de acesso não são asfaltadas, o transporte é precário e a população míngua. Segundo o IBGE, a estimativa deste ano é 7.437 habitantes.
O quintal de Cutinga
A vida de Orlando Ribeiro do Nascimento, o “Cutinga”, 38 anos, nunca foi fácil. Ele estudou até a 3º série do Ensino Fundamental, após ter se matriculado escondido dos pais. Desde muito novo trabalhou pastoreando cabras, nas safras de café e em construção civil. Recebia diárias que variavam a R$ 3 e R$ 15.
Jaqueiras de Sil
Maria Luciene da Silva Siqueira, a Sil, nasceu em 1979, em Cajueiro (AL). Filha de cortadores de cana, foi criada na zona rural e trabalhou em um canavial até os 20 anos, quando a usina local faliu.
João pescador
SOTAQUE DE UM POVO NAS BARRANCAS DO VELHO CHICO
Beirando o cais,
João vai à ipueira,
Formoso, cada vez mais,
Leva na mão uma esteira.
Na cabeça, o chapéu,
Admira, contempla o céu.
O remo aos ombros largos,
No rosto um afago.
Lá vai João buscar o troféu.
De cuia na mão,
Camisa comprida,
Com destino à lida.
Lá vem João,
sem nada à mão.
Remou,
Pescou,
Agradeceu a Deus,
Pediu pelos filhos seus.
Nada pegou.
Lá vem João,
Com as mãos na cintura,
Sem perder a formosura.
Reza para soluço
“Soluço vai, soluço vem. Vá para onde está quem lhe quer bem” (trecho da reza)
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João das Alagoas
Visitar, conhecer e conversar com o mestre João das Alagoas, no município de Capela, foi uma daquelas alegrias transformadoras que nos tomam poucas vezes.
Terra e sangue
SOTAQUE DE UM POVO NAS BARRANCAS DO VELHO CHICO
Há anos em que o alagadiço da Ilha do Gado Brabo, nas margens do Velho Chico, vem sendo uma arena de grandes rixas por questões de terras. Em violentas batalhas sangrentas de famílias, homens trocam facãozadas no meio da estrada, reivindicando o direito de continuar sendo o mandante das terras. No fim das contas, uma tentativa inútil.
Beiradeiro pornô
SOTAQUE DE UM POVO NAS BARRANCAS DO VELHO
O Velho Chico, rio que corre em minhas veias, além dos seus mistérios, segredos e encantos, tem seus navegantes contadores de causos, que em certos momentos chegam a ser surreais, como conta Mané Pescador:
“Corre um boato aqui donde eu moro que Madalena Pomba Roxa, teve um filho nas coxa. E que lá pras banda do Catu, Salete, rapariga do cabo Chiquim, teve um fi bem pertim”.
“Pertim de que, compadre Mané?”
“Das coxas, compadre Zé. E devia de ser mais adonde?”
“Quando o senhor disse que foi no Catu, pensei que ia da rima, compadre.”
“Diz que o homem que faz fi nas coxas é porque num levanta mais a cigana.”
“Aonde, moço! Quem num levanta mais o cegonho, num fais fi nem no joelho, quanto mais nas coxa.”
“Pior foi lá na Pinguela de Baixo que nasceu um menino sem osso.”
“Então foi feito de língua!”
“E é só língua que não tem osso é? Deixe de ser mobral!”
Coisas de Xique-Xique na Bahia.
O silêncio do sino
Maria do Carmo Meira Melo, a Carminha, 71 anos, não se conforma com o silêncio do sino da capela Nossa Senhora da Purificação, construída por sua família na segunda metade do século XIX, no centro de Catingal, atual distrito de Manoel Vitorino (BA). O templo dedicado à Nossa Senhora da Purificação também servia de cemitério para a família Meira e foi erguido em um local onde existia uma lapinha com altar onde eram celebradas missas nas terras que pertenciam ao capitão Rodrigo de Souza Meira Sertão.
Arrepios e medo
É de conhecimento popular que as gordas fazendas cheias de passado são cenário para histórias de malassombros. …Ler mais.