A igreja de Nossa Senhora de Nazaré

Pedra Branca surgiu de um aldeamento de índios cariris e sabujás e deu origem à cidade de Santa Teresinha. A primeira igreja dedicada à Nossa Senhora de Nazaré foi construída em 1700 quando o aldeamento de Nossa Senhora de Nazaré foi demarcado a mando da Coroa Imperial.

Segundo a dissertação “Cabilda de Facinorosos Moradores – uma reflexão sobre a revolta dos índios da Pedra Branca de I834”, de André Almeida Rego, da Universidade Federal da Bahia, o objetivo era cessar a Guerra dos Bárbaros, um dos muitos confrontos iniciados a partir do Recôncavo baiano com a justificativa de conter a resistência dos paiaiás e outros ameríndios em estabelecer e manter acordos de paz. As medidas tomadas não diminuíram as tensões entre índios e colonos. Cinquenta e oito anos depois, foi elevada à condição de vila.

Em julho de 1830, o escrivão e diretor dos índios da Vila de Pedra Branca, Luiz José de Oliveira, descreveu o povoado “encravado há mais de 60 anos no termo da vila de Maragojipe da qual dista 18 léguas” da seguinte forma: todas as habitações eram feitas de palha, excetuando-se a casa do conselho (vereanaça) e a matriz. Destacava a incidência de grande planície “ao pé de uma fonte perene, cristalina e saborosa” e uma população de 840 indivíduos. “Não havia outra alguma igreja e nem oratório”.

O século XIX foi uma época marcada por vários levantes dos indígenas daquele local, sendo, consequentemente, este o período da história de Pedra Branca mais bem documentado. Em 1834, a vila registrou a insurreição de seus habitantes, predominantemente os kiriri-supuaiá para resistir a um processo de usurpação de suas terras.

Todos esses episódios ocorreram nas proximidades da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré. O templo mais recente foi reconstruído em 1964, sob a orientação das famílias Souza e Souza Andrade.

Placa que marca a reconstrução da igreja, realizada em 1964. Foto: Paulo Oliveira

Dalva Andrade Souza, 89 anos, comerciante e produtora de vinho na região, conta que há 30 anos, a igreja foi atacada por ladrões, que roubaram 16 imagens dos séculos XVIII e XIX. As maiores – Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora de Nazaré tinham 1,10m e 1,00m, respectivamente. Até hoje não foram encontradas.

A igreja de Pedra Branca, atualmente, passa a maior parte do tempo fechada. O padre de Santa Teresinha vai até lá uma vez por mês para celebrar missa. E o bispo de Amargosa comparece apenas nas cerimônias de crisma.

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

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2 respostas

  1. Deixo meus sinceros agradecimentos e estima por sua investigação sobre esse pedaço de chão que muito significa para compreender a origem da gente, fruto da miscigenação e das lutas ocorridas nesse território.

    Gostaria de saber nossa origem aqui em Itatim (antiga Tanquinho), pedaço de terra que fora habitado por várias tribos e aqui deixou a sua genética a muito tempo esquecida. Pois quando muito se houve é que: “fulana conta que beltrano é filho de sicrano que foi apanhado no mato por cachorro”.

    Onde posso ver mais sobre nativos caçados pelos colonos?

    Obrigado por seu trabalho.

    1. Vou pesquisar e darei um retorno. Existe um livro sobre a cidade, feito por um empresário local. Vou ver o nome e aviso.
      Grato,
      Paulo Oliveira

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