Cordas e mosquetões

Itatim passou a ser conhecida como a capital baiana da escalada a partir da realização do 8º Encontro de Escaladores do Nordeste, realizado em outubro de 2009. O primeiro evento foi realizado no Parque Estadual da Pedra da Boca, na cidade de Araruna (PB), em 1999, com o objetivo de aproximar os escaladores nordestinos, permitindo a troca de experiências. O evento itinerante chegou a 16ª edição este ano.

Para a realização do encontro foi necessário o comprometimento de experientes praticantes de Feira de Santana, que abriram 60 vias de escaladas em três locais diferentes. A abertura das vias foi um grande desafio, pois anteriormente, só existiam 10 delas, abertas por Chico Rio e André Ilha.

O primeiro percurso a surgir foi o Antibiótica, em 2007. Nele, o escalador enfrentava variações de grau em inúmeras enfiadas. A missão foi cumprida no início de 2009, graças a ajuda de Adílson Otto, de Santa Catarina, que abriu dezenas de vias com diferentes graus de dificuldade. Isto motivou a criação de um grupo de jovens da cidade, praticante de esportes radicais, os Calangos D’ Aventura.

Antes do encontro, o único ponto de escalada no estado ficava na Chapada Diamantina. Itatim, então, passou a atrair cada vez mais praticantes de escalada, interessados nos desafios das pedras da Toca, Napoleão, Enxadão, Gavião e Ponta Aguda, dentre outras. Somadas, elas oferecem cerca de 200 vias atualmente.

ESTRUTURA

A escalada não é um esporte barato. É preciso vários equipamentos de segurança, principalmente, quem está começando. Para se ter uma ideia do quanto precisa ser gasto, cotamos três peças básicas: a cadeirinha, conjunto de fitas de alta resistência unidas por costuras reforçadas para envolver pernas e cintura do escalador, o capacete e a sapatilha. O conjunto varia de R$ 1.445 a R$ 3.031.No entanto, ainda são necessárias cordas, mosquetões, polias e freios.

A escalada pode ser definida como um esporte que utiliza as técnicas e movimentos do montanhismo e pode ser praticada individualmente ou lem grupo, com o objetivo de exigir o máximo de força e concentração. Seus praticantes fazem questão de ressaltar que o rappel não é um esporte, mas sim o caminho de volta do montanhismo.

A escalada surgiu nos anos 1970, graças a ideia de um ucraniano que durante inverno rigoroso pendurava pedras nas paredes para treinar. No Brasil, passou a ser praticada no final da década de 1980. Mas em muitos locais havia um problema: a falta de estrutura para acomodar os escaladores.

A qualidade das pedras de Itatim encantaram o paranaense Marcelo Arruda Gonçalves. Tanto que um grupo de escaladores resolveu alugar uma casa de temporada na cidade para ficar mais próximo do local de treinamento. No local só havia colchões e espaço externo para um bivaque (acampamento provisório). Para se hospedar ali, bastava contribuir com R$ 15 para as despesas. Marcelo, em sua primeira visita à cidade, conheceu o local.

Tempos depois, quando estava morando em Salvador, ligou para a responsável pela casa alugada e soube que o imóvel tinha sido devolvido. Quando soube que estava havendo um segundo boom de escalada em Itatim, Marcelo resolveu investir em um abrigo de montanha na cidade. Nesta ocasião, morava em Lençóis (BA) e mudou-se mais uma vez. Depois de tanto procurar, interessou-se por uma casa diante do Morro da Toca. Procurou a proprietária, dona Mariquinha, mas ela não quis conversa.

Quando a prefeitura instalou água na localidade, a proprietária chamou Marcelo e disse que alugaria o espaço. Disse ainda que ele poderia fazer reforma e descontar no aluguel. Na fissura para ter o abrigo, o montanhista fechou contrato. Também começou a fabricar os beliches do abrigo, que tem três quartos, 14 leitos, sala com livros e vídeos de escaladas, cozinha, dois banheiros, área de acampamento, local para prática de slack line.

o abrigo
WordPress Gallery Plugin

 

Inscrito em sites de aluguel de vagas, o abrigo de montanha de Itatim já recebeu hóspedes da Austrália, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Argentina e Nova Zelândia, além de incontáveis escaladores brasileiros. As diárias individuais custam R$ 40, mas têm descontos a partir do quarto dia. Para barracas de camping, o preço é de R$ 25.

Os pernambucanos Vitor Wolmer, 28 anos, e Paulo Jorge, 25, passaram 10 dias com Marcelo e saíram fascinados com a estrutura e as vias dos morros da Toca e Enxadão. Assim como o anfitrião, eles defendem que a região, em acentuado processo de desertificação, seja reflorestada e a criação de um parque nacional.

Em 2014, foi realizado o 1º Festival de Escalada em Itatim, que contou com 100 inscritos. A página do evento (http://escaladaitatim.blogspot.com.br/) é preservada até hoje. No ano seguinte, Marcelo organizou o 2º Festival. Foram feitas 60 inscrições.

feira de Santana é a cidade com maior número de escaladores de alto nível (8)  na Bahia, segundo Marcelo. Itaberaba e Milagres vêm a seguir (4).

FESTIVAL 2015

 

NO TOPO

Jornalista, editor, professor e consultor, 61 anos. Suas reportagens ganharam prêmios de direitos humanos e de jornalismo investigativo.

follow me
Compartilhe esta publicação:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sites parceiros
Destaques