Utopia cristã

O SONHO DO BEATO FRANCISCANO EM ALAGOAS 

Resumo: O Direito Canônico da Igreja Católica elege como Beatos cristãos cuja vida possa servir de exemplo e de ferramenta de construção da santidade da comunidade. No Nordeste do Brasil, o povo sertanejo selecionou seus próprios Beatos fora da hierarquia oficial. Estes homens e mulheres povoaram o território nordestino, semeando uma espiritualidade com base na fé, no trabalho e na partilha fraterna, construindo uma utopia de busca da terra prometida, que em muitos casos se constituiu em guerra fratricida com o poder civil.

Palavras-chave: Beatos; utopia cristã; Padre Ibiapina; Beato José Lourenço; Beato Franciscano.

Résumé: Le droit canonique de l’Église catholique élu en tant que Bienheureux les chrétiens dont la vie peut servir d’exemple et d’outil de construction de la sainteté de la communauté. Dans le nord-est du Brésil, le peuple choisi leur propre Béats en dehors de la hiérarchie officielle. Ces hommes et ces femmes parcourent le territoire du nord-est, à l’ensemencement d’une spiritualité fondée sur la foi, le travail et le partage fraternel, en construisant une utopie de la terre promise, qui, dans de nombreuses situations s’est constituée en guerre fratricide avec le pouvoir civil.

Mots-clés : Béats ; l’utopie chrétienne ; Père Ibiapina ; Béat José Lourenço ; Béat Franciscano.

“Precisamos de um nacionalismo inteligente, sadio, sem embargo de espírito de cordialidade, de fraternidade mesmo, que deve existir entre as nações, unindo os povos, mas respeitando-se a integridade territorial de cada país, que os seus filhos receberam dos antepassados e devem transmitir intacta às gerações vindouras”

Padre Cícero Romão Batista

OS PRECURSORES

Um beato, do latim beatum que significa feliz, bem-aventurado, é, no Direito Canônico da Igreja Católica, um homem ou uma mulher com qualidades e ações que o/a indicam para ser reconhecido como santo. Nesse sentido, as palavras beato e santo designam o reconhecimento oficial da Igreja a pessoas com uma vida digna de servir de exemplo. Os beatos nascidos no sertão do Nordeste brasileiro não se definem como tais. Trata-se de homens de fé que desenvolveram ações em prol dos mais pobres no sentido de lhes propiciar uma existência digna, uma terra fértil para cultivar. Os sertanejos nordestinos perseguiam o mito da terra prometida, onde haveria leite e cuscuz em abundância, diferentemente do texto bíblico que prometia leite e mel.

É esse princípio geral que norteia desde a segunda metade do século XVI o trabalho dos pregadores franciscanos. Os cristãos, segundo Francisco de Assis, deveriam vagar entre os homens fixando um sorridente exemplo de amor cristão, pregando tanto por atos como por palavras, trabalhando para os outros, vivendo na pobreza, sem qualquer abrigo permanente, e nunca pensando no amanhã. O franciscanismo inspirou o movimento dos beatos nos sertões nordestinos do século XIX. Lá, no sertão do Cariri, a fé do povo santificava os grandes pregadores. Frei Vital de Frescarolo foi o primeiro que recebeu o nome de – santo pelo conceito popular. Em seguida, temos o exemplo do advogado José Antônio Pereira Ibiapina (1806-1883) que, em 1853, trocou a toga pela batina, criando Casas de Caridade e reunindo beatos e beatas, em sua nova forma de viver a ordem religiosa.

Esses precursores antecederam Antônio Conselheiro, fundador de Belo Monte, em Canudos, e o padre Cícero Romão Batista (1844-1934), falecido aos 90 anos de idade, que sacramentou esse movimento religioso, distanciando-se da ortodoxia católica sob a orientação do Vaticano, deixando como herança a cidade de Juazeiro do Norte ainda hoje um grande centro de peregrinação. Sob o apadrinhamento do Padre Cícero, temos o Beato José Lourenço que fundou a comunidade de Caldeirão de Santa Cruz do Deserto e influenciou o aparecimento da fraternidade de Pau da Colher. Em Alagoas, temos o caso singular de Antônio Fernandes de Amorim, o Beato Franciscano.

Padre Ibiapina

Nascido em 5 de agosto de 1806, em Pernambuco, Ibiapina sofreu, viveu e fez a história com seu povo, atravessando o conturbado século XIX, pleno de revoluções internas e da seca de 1877. Morreu em 1883, amado pelos sertanejos que, em um primeiro gesto de autonomia frente à hierarquia da Igreja, veneraram-no como o Santo Padre Mestre Ibiapina. O direito de atribuir santidade, monopólio sagrado da Igreja, foi conquistado pelas baixas camadas sociais descrentes.

O trabalho missionário do Padre Ibiapina, também conhecido como Apóstolo do Nordeste na região do Cariri, teve início em 14 de outubro de 1864, na então vila de Missão Velha, estendendo-se até o início de fevereiro do ano seguinte. Durante esse período ele visitou, além de Missão Velha, a vila de Barbalha e o povoado de Conceição do Cariri, hoje município de Porteiras. Como principal obra dessa primeira visita à região, Padre Ibiapina inaugurou, em 2 de fevereiro de 1865, a Casa de Caridade da vila de Missão Velha. Desse ato de inauguração participou o cearense Cícero Romão Batista, à época um jovem de cerca de vinte anos de idade, que segundo os mais diversos estudiosos foi fortemente influenciado pela pregação do Padre Ibiapina e pelo seu exemplo de serviço ao povo pobre e humilde do Cariri. Cícero viria a se tornar um dos líderes religiosos mais importantes da região, fazendo da cidade que fundou, Juazeiro do Norte, um polo de peregrinação e de vivencia da religiosidade popular.

A segunda visita de Ibiapina à região ocorreu no período de maio de 1868 a agosto de 1869. Nessa etapa, ele visitou Missão Velha, Barbalha, Caldas (vila de Barbalha), Crato, Goianinha (atual distrito de Jamacaru), Jardim, Porteiras, Milagres, Brejo Santo e Vila de São Pedro (atualmente Abaiara). Nesta visita construiu capelas, recuperou igrejas e fundou mais três Casas da Caridade. A terceira e última visita ao Cariri ocorreu no período de 9 de fevereiro de 1870 a 25 de abril do mesmo ano, quando visitou as Casas de Caridade implantadas na região. Entre 1862 e 1883, Ibiapina criou 22 Casas de Caridade em seis estados do Nordeste.

A ideia de base das Casas de Caridade fundadas pelo religioso por todo o Nordeste era o acolhimento das crianças órfãs. Ali as meninas receberiam uma educação completa e seriam preparadas para serem boas esposas e mães de família. A educação nestas casas era de tão boa qualidade, a cargo das beatas (mulheres dedicadas ao trabalho missionário), que muitas famílias pediam para que suas filhas pudessem participar da formação.

 A palavra beato/beata aparece pela primeira vez com o Padre Ibiapina para designar aqueles que o seguiam e eram seus colaboradores. Em suas prédicas, discorrendo sobre a espiritualidade apropriada aos beatos e beatas, afirmou que a espiritualidade não consistia em rezar muitos rosários, ouvir muita missa, fazer muita oração, comungar com muita frequência, isto é, na quantidade das práticas religiosas, mas principalmente em buscar a qualidade do aperfeiçoamento espiritual pela humildade, paciência no sofrimento, em não procurar fazer a própria vontade, mas a de Deus. Para Padre Ibiapina, a verdadeira espiritualidade consistia na caridade, no amor ao próximo, manifestado em fazer o bem aos miseráveis, como se fora feito a si próprio, ou para seus filhos.Escrevendo as Regras, regimento das Casas de Caridade, situa a educação das órfãs como prioridade, lembrando sempre em sua correspondência que a melhor e mais proveitosa oração é a do Trabalho.

 Pelo respeito infundido, nos lugares onde prega conta com a adesão da classe abastada, convocada a fazer doações, admoestada com a célebre frase – “É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que um rico se salvar!” -Sua autonomia decisória, criando as ordens de beatos, trouxe-lhe no Ceará desentendimentos com o primeiro bispo, D. Luiz dos Santos, que proibiu os beatos de pedirem esmolas para a manutenção das obras. Ibiapina se afastou do Ceará, entregando ao bispo todas as Casas de Caridade, e concentrou sua missão na diocese de Pernambuco, onde é aceito pelos bispos e sacerdotes, o mesmo acontecendo com as novas dioceses criadas na Paraíba e no Rio Grande do Norte.

A reação contra os beatos, ainda com Ibiapina vivo, iniciada no Ceará, onde passaram a ser vistos como fanáticos e proibidos de proverem as Casas de Caridade, foi uma tendência que se ampliou na Igreja, no início do século XX. A hierarquia eclesiástica se alia ao Estado para destruir aquelasiniciativas consideradas ―desvios religiosos. Sob as ordens dos bispos, sem a força de Ibiapina, os padres foram intimados a proibirem a presença dos beatos em suas paróquias, instaurando-se uma ruptura, a separação do catolicismo das elites, ligado ao rigor teológico da hierarquia, e o catolicismo popular das baixas camadas sociais.

Depois da visita de 1870, Ibiapina não realizou mais missões no Ceará. O padre peregrino continuou seu trabalho missionário até 1876, quando foi acometido por uma moléstia que o deixou inválido. Passou a residir na Casa de Caridade de Santa Fé, na Paraíba, onde viveu mais sete anos, participando ativamente da vida da comunidade. Faleceu no dia 19 de fevereiro de 1883. Após sua morte, centenas de beatos se espalharam pelo sertão do Nordeste, divulgando as concepções do catolicismo fundamentado na fé, no trabalho e na caridade plantado pelo missionário para salvação do mundo.

Antônio Conselheiro

 Antônio Vicente Mendes Maciel nascido na Vila do Campo Maior, em 13 de março de 1830 e morto em Canudos, 22 de setembro de 1897, mais conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro, foi um líder social brasileiro. Figura carismática adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e foi destruído pelo Exército da República na chamada Guerra de Canudos em 1897. A imprensa dos primeiros anos da República, para justificar o genocídio, o descreveu como fanático religioso e monarquista perigoso.

Filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e de Maria Joaquina de Jesus, ele ficou órfão de mãe aos seis anos. Recebeu instrução em aritmética, português, geografia, francês e latim. Uma de suas leituras preferidas era o livro As aventuras do imperador Carlos Magno e dos 12 pares de França, uma adaptação de histórias populares da Idade Média incorporadas ao folclore nordestino.

Graças aos seus estudos e esforço pessoal, tornou-se escrivão de cartório e rábula, isto é advogado sem diploma. Estaria encaminhado profissionalmente, caso um problema pessoal não mudasse radicalmente sua vida. Depois de casado, Antônio Maciel foi traído pela mulher que fugiu com outro homem. Transtornado pela humilhação, começou a perambular sem rumo pelo interior do Ceará e de outros Estados do Nordeste, talvez à procura dos fugitivos. Para sobreviver, trabalhou como pedreiro e construtor, ofício aprendido com o pai. Restaurava e construía capelas, igrejas e cemitérios.

Esse trabalho e as pregações do Padre Ibiapina influenciaram Antônio Maciel. Ele passou a ler os Evangelhos e a divulgá-los entre o povo humilde, ouvindo também os problemas das pessoas e procurando consolá-las com mensagens religiosas. Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão, esse era o Peregrino. Antônio caminha incansavelmente, conhece cada palmo do sertão, seus segredos e mistérios. Por onde anda, faz sermões, prega o evangelho e dá conselhos. Gradativamente transforma-se de Peregrino em Beato e de Beato em Conselheiro. Aprofunda o seu conhecimento da Bíblia e sua fama começa a correr todo o interior do Nordeste.

 Rapidamente, forma em torno de si um número crescente de fiéis seguidores. À medida que a simpatia dos pobres por ele aumentava, surgiam também os inimigos. Por um lado, os padres que viam seu prestígio diminuir diante das pregações de um homem simples. Por outro lado, os latifundiários que viam muitos empregados de suas fazendas abandonarem tudo para seguir o beato.

 Em 1874, o Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus. Dois anos depois, acusado de ter assassinado a esposa, Antônio Conselheiro foi preso e mandado para o Ceará, onde o julgamento comprovou sua inocência. Entretanto, seu fervor religioso aumentou durante a temporada na prisão. Da mesma maneira, aumentou seu prestígio entre os pobres, que passaram a vê-lo como um mártir. Depois de 20 anos de peregrinação ele compreendeu uma ideia habitava o coração dos sertanejos: a fundação de uma comunidade ideal que seria a reconstrução dos antigos aldeamentos destruídos ou subjugados, iniciados pela solicitude dos jesuítas e a abnegação dos franciscanos. Era a possibilidade de reconquistar a comunidade igualitária que existia antes dos portugueses aqui chegarem.

Em 1893, ele se estabeleceu definitivamente em uma fazenda abandonada às margens do rio Vaza-Barris, na afastada região do norte da Bahia, conhecida como Canudos. Ali, fundou um povoado, que chamou de Belo Monte. Rapidamente, o vilarejo se transformou em uma cidade com população de aproximadamente 20 mil habitantes. Os sertanejos, em sua maioria descendentes de indígenas, julgavam-se, inconscientemente, donos da terra da qual seus antepassados foram expulsos pela força.

A história se repete. Belo Monte prosperou e se tornou incômoda para as autoridades políticas e religiosas locais, que procuravam um pretexto para destruí-la. Mobilizaram-se tropas do exército em três expedições militares que, enfrentou enorme resistência da população de Canudos. O confronto estendeu-se até 5 de outubro de 1897, quando o exército promoveu um extermínio esteticamente representado no poema Tragédia Épica (guerra de Canudos) de Francisco Mangabeira (1900, p.106):

Repara bem que a tua heroicidade Se desperdiçou, não sei por que mistério… Entraste numa fraternal cidade Para a transfigurar num cemitério…

 A fundação do arraial do Belo Monte com sua organização interna, sua disciplina e preparação militar, sua capacidade de resistir aos ataques do governo foi o fato culminante da vida de Antônio Conselheiro. Aliou-se a tudo isso a dedicação dos habitantes da cidade dispostos a morrer pela preservação das terras e dos seus bens. Canudos não era uma utopia ideal; Canudos foi a ― “utopia” real e realizada.

Beato José Lourenço

José Lourenço Gomes da Silva nasceu em Pilões de Dentro, na Paraíba, para alguns em 1870, para outros em 1872. Filho de Lourenço Gomes da Silva e Tereza Maria da Conceição – negros alforriados – ele aprendera desde cedo com seus pais o trabalho com a terra e com o gado. Por volta de 1886, o ainda jovem José Lourenço fugiu de casa, com medo da severa pedagogia do cipó e do marmelo utilizada pelo pai e decidiu seguir seus próprios caminhos. Aparentemente, seu primeiro destino foi a região de Serraria, no mesmo estado da Paraíba. Ali permaneceu durante um tempo trabalhando como vaqueiro, amansando cavalos, jumentos e burros. As condições de trabalho não eram as melhores, mas José Lourenço conseguiu se manter, comprar um bom cavalo e roupas novas. Algum tempo depois, resolveu voltar a Pilões de Dentro para rever seus familiares. Lá chegando não os encontrou e teve notícia de que haviam partido rumo à Juazeiro do Norte, no Ceará.

Assim como milhares de nordestinos, seus pais tinham seguido em romaria, buscando a bênção do Padre Cícero. Com efeito, após os supostos milagres ocorridos naquela região no ano de 1889, Juazeiro se transformou em uma espécie de Meca sertaneja. A hóstia que teria se transformado em sangue na boca da beata Maria de Araújo era vista como um sinal divino. Milhares de desvalidos, doentes e flagelados acorreram, assim, para Juazeiro, acreditando que ali se faria a redenção e a benção do Padre Cícero lhes daria a salvação.

José Lourenço, determinado a reencontrar sua família, juntou-se a um grupo de romeiros. A chegada em Juazeiro do Norte, por volta do ano de 1890, daria novos rumos à trajetória do jovem. Encontrara uma cidade em rebuliço onde fervilhavam o misticismo e a religiosidade popular. Em pouco tempo José Lourenço fez amizade com um grupo de beatos e, contrariando a vontade do pai, tornou-se beato. Isso significava, à época, a opção por um modo de vida simples, pautado pelos princípios da religiosidade popular, que se traduz em uma indumentária à maneira de um frade: uma batina de algodão tinto de preto, uma cruz às costas e um cordão de S. Francisco amarrado à cintura.

Ao assumir a condição de beato, José Lourenço tornou-se celibatário e passou a viver de esmolas. Além disso, em pouco tempo ingressou também em uma ordem de penitentes que se reunia à noite – em capelas, cruzeiros, cemitérios ou em cruzes de estrada – e praticava rituais de autoflagelação como forma de purificação. Imbuído do espírito religioso de Juazeiro, em pouco tempo tornou-se um discípulo do Padre Cícero.

A trajetória pública do beato começa na década de 1890 quando, com o auxílio do Padre Cícero, fundou uma comunidade no sítio Baixa D’Antas, próximo à cidade do Crato, no Vale do Cariri. Ali permaneceria até o ano de 1926, quando foi forçado a abandonar a propriedade e rumar para outro sítio conhecido como Caldeirão a que deu o nome Santa Cruz do Deserto. Neste terreno seco do solo cearense, doado pelo Padre Cícero, fundou uma produtiva comunidade, que produzia arroz, farinha, feijão, carne, rapadura, frutas e legumes. Doze casas de moradia, uma de engenho, dois açudes, um cercado com quatro mil e 12 braças, com mais de mil tarefas de algodão, quatro tarefas de cana-de-açúcar e centenas de árvores frutíferas. Além do mais, centenas de animais, vacas, cavalos, jumentos, porcos, galinhas, marrecos, patos e outros.

Com pouco tempo, já havia mais de 400 casas, uma capela e a população era de três mil pessoas, formada por trabalhadores de vários estados nordestinos, que passaram a produzir, educar seus filhos e alimentá-los. Em pouco tempo, a organização e a disciplina do beato e seus seguidores transformaria aquela terra abandonada, situada a 20 quilômetros de Crato e com 900 hectares, em uma terra produtiva. É interessante notar que no Caldeirão a terra era de todos e de ninguém. Não havia propriedade da terra. Esse era um conceito externo àquela comunidade.

Até mesmo o tenente José Góes de Campos Barros, Delegado da Ordem Política e Social à época, admitiu que o trabalho desenvolvido era verdadeiramente edificante. As brocas e os terrenos prontos para a lavoura, delimitadas por cercas admiravelmente construídas, derramavam-se pelos morros e, como uma surpresa verde, no meio dos tabuleiros nus, via-se um tapete alegre de vegetação sadia, emoldurando um açude, construído por aquela gente, pelos processos mais simples e rudimentares.

Sobre essa organização social da comunidade sabe-se que as primeiras casas eram de taipa, e como a terra era seca, iniciaram também a construção de pequenas barragens para as épocas de secas. Nas terras altas iniciou-se a plantação de algodão, milho e feijão. Nas terras mais baixas, irrigadas e adubadas por processos primitivos, plantou-se cana-de-açúcar e arroz. Pequena engenhoca levantada nas imediações do pequeno povoado passou a produzir rapaduras e melaço suficiente para o sustento da comunidade.

De fato a comunidade diferia de outras, com certa estrutura hierárquica, como Canudos. No Caldeirão todos se ajudavam mutuamente, e através do trabalho e da fé transformavam uma paisagem rude sertaneja em um oásis pleno de fartura. O processo foi lento, em termos de crescimento da população, mas a comunidade se auto sustentava desde seus primórdios. A literatura popular representava a realidade de Santa Cruz do Deserto:

Tudo ali se produzia
Arroz,feijão, milho, fava,
andu¹,melão, melancia.

E no tempo da moagem

Rapadura se fazia.

E se sentindo tratados

Com toda dignidade

Deixavam velhos patrões

Pra gozar mais liberdade
Ninguém lá passava fome
Tudo ali era comum

Um batalhava por todos
E todos eram por um

De fato, essas eram as características básicas da comunidade. Uma espécie de cristianismo primitivo reinava no Caldeirão, onde todos tinham trabalho, comida e felicidade terrena. Havia práticas religiosas como a penitência e os rituais nas orações. Imaginar o Caldeirão como um movimento precursor de movimentos ambientalistas ou de luta pela terra como o Movimento dos Sem-Terra é cometer um grave equívoco.

 Ali os homens viviam em comunidade, em paz uns com os outros e em harmonia com a natureza, que através do labor, lhes provia tudo de que precisavam. Mas se tudo corria em paz no Caldeirão, nas redondezas os grandes latifundiários começavam a se irritar com aquela comunidade que atraía sua força de trabalho. E não tardaram a aparecer notícias na imprensa cearense difamando o beato Lourenço e seus seguidores como a reportagem “Um Grande Núcleo de Fanatismo em Pleno Cariri”, publicada no jornal Gazeta de Notícias em 17 de setembro de 1936.

 Todavia, vale lembrar que nem toda a imprensa se posicionou contra o Caldeirão de Santa Cruz do Deserto. José Alves Figueiredo publicara no jornal O Povo, em 7 de junho de 1934 que não era apenas o beato que fazia a comunidade prosperar. Duas figuras notáveis mereciam destaque na organização da comunidade: Isaías e Severino Tavares. Olvidados por parte da bibliografia que trata do tema, os dois cumpriam funções fundamentais para o bom funcionamento do Caldeirão.

Há poucos indícios da chegada de Isaías na comunidade, mas o fato é que se tornou uma espécie de braço direito do beato José Lourenço. Atuava como um secretário ou administrador da comunidade, recebendo as pessoas novas que chegavam e organizando a produtividade da terra, guardava a chave dos armazéns de legumes. Era encarregado da distribuição de mercadorias, de comida, das vestimentas. Severino Tavares era o recrutador de novos membros para a comunidade e os preparava para a vida em comunidade.

 O Caldeirão ficou autossuficiente, porque o progresso atingiu também a área de artesanato: a confecção de redes, de roupas, de calçados, entre outros produtos. Todas as ferramentas necessárias para o trabalho eram feitas na própria comunidade. Os produtos excedentes eram vendidos em Juazeiro e no Crato. O Beato fabricou máquinas, tratou a terra, plantou e colheu grãos, frutas e verduras. A disciplina era a regra para tudo, uma organização social que não tinha igual. Contudo, os proprietários de terra preocupavam-se com o desenvolvimento da comunidade, pois estavam perdendo mão-de-obra.

 No ano de 1934 uma perda significativa para o beato e seus seguidores. Morre o Padre Cícero Romão Batista, padrinho de José Lourenço e grande colaborador da comunidade. Surpreendentemente o testamento de Padre Cícero não deixou as terras do Caldeirão para a comunidade e sim para os Padres Salesianos. O fato é que isso dificultou a vida da comunidade que já estava com um grande número de seguidores.

 O ano de 1935 foi marcante para o Caldeirão. A revolta conhecida como Intentona Comunista acontece em Recife, Natal e no Rio de Janeiro. Duramente reprimidos alguns comunistas decidem ingressar na comunidade. Isso ajudaria a imprensa local na perseguição ao Caldeirão e ao beato José Lourenço. A onda anticomunista que se abatia por todo o mundo caiu sobre aquelas pessoas.

 No ano seguinte, em 1936, viria a primeira intervenção policial na comunidade. Comandando a operação, o Tenente José Góis de Campos Barros, orientado pelo então Chefe de Polícia: Capitão Cordeiro Neto. Segundo seu depoimento havia ali “um novo Canudos e um núcleo de fanatismo comunista”. O beato, avisado previamente, não se encontrava na comunidade na hora da chegada dos policiais. Aconteceu, então, um espetáculo de barbárie movido pelo anticomunismo. Suspeitando haver armas escondidas com os membros da comunidade, a tropa invadiu as casas, saqueou-as tentando encontrar o pretenso arsenal escondido. Ao fim acabaram ateando fogo nas casas e ameaçando de morte os quase dois mil homens e mulheres que ali viviam. Tudo o que encontraram foram os instrumentos de trabalho.

Nesse mesmo ano, 1936, Severino Tavares é preso, sob suspeita de participar dos levantes comunistas de 1935. Depois seriam presos Isaías e o filho de Severino, Eleutério Tavares. Isso demonstra como as forças estatais buscavam coibir o avanço da comunidade. O fantasma do Caldeirão assombrava as forças públicas. O medo de um estado paralelo, que atraísse os camponeses, levou a uma campanha na imprensa difamando a comunidade. Era o temor de uma vida em comum liderada pelo povo que atiçava os grandes latifundiários.

 Porém viria o ano de 1937 e com ele um triste fato envolvendo o Caldeirão. Severino Tavares foi liberado em Fortaleza. Com seu coração tomado pelo ódio e pela vingança reuniu um grupo de seguidores e buscou na violência seu alívio. No dia 10 de abril José Bezerra informa ao Capitão Cordeiro Neto que seguiria com uma parte da tropa até o local onde se encontrava o beato. Porém no meio da mata foi surpreendido pelo grupo liderado por Severino Tavares e ocorreu um duro combate entre os grupos. No embate, foram mortos o Capitão José Bezerra e também Severino Tavares. As manchetes não tardaram a surgir, condenando ainda mais a comunidade.

 O então Ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra pôs uma esquadra de três aviões a postos para pôr fim ao Caldeirão. Em mais um espetáculo de barbárie os aviões sobrevoaram a região, dando rajadas de metralhadoras, segundo alguns jogando bombas, e matando um sem-número de camponeses. Incêndios e destruição de casas, espancamento de crianças, mulheres e velhos, saques; e ainda, luta corporal de populares usando ferramentas de trabalho contra soldados da polícia bem protegidos.

 Assim, José Lourenço foi obrigado a deixar o sítio do Caldeirão e se dirigiu para Exu, cidade localizada no Estado de Pernambuco onde organizou outra comunidade, de menor visibilidade, seguindo os mesmos princípios das de Baixa D’Antas e do Caldeirão. Ali, querendo evitar ao máximo a exposição da comunidade chamada União, viveu com alguns poucos seguidores, conseguindo a autossuficiência e manter-se livre das perseguições policiais.

Resignado em suas ações o beato seguiu seu destino, montando mais uma comunidade baseada na igualdade e liberdade e conseguiu, por fim seu sossego. Em 14 de fevereiro de 1946 morreu vítima da peste, e, sem ele a comunidade se dispersa. Seu corpo foi carregado por cerca de setenta quilômetros até Juazeiro do Norte, onde ainda hoje é possível ver fiéis visitando seu túmulo. Ele morreu, mas suas ideias ainda estão vivas nos movimentos de luta pela terra no país.

Ao longo de toda sua trajetória, o beato José Lourenço parece ter encarnado, através do trabalho disciplinado com a terra, a utopia cristã vivida no desejo e na esperança dos sertanejos por uma vida mais justa ou menos desigual. Suas comunidades forneciam, portanto, outra possibilidade de vida, em que a fartura e a abundância substituíam a penúria e a seca dos sertões nordestinos.

Comunidade Pau da Colher

 O movimento ocorreu no município de Casa Nova, na Bahia, no local denominado Pau de Colher que fica situado a poucos quilômetros da fronteira com o Piauí. Os principais acontecimentos desenrolaram-se entre 1937 e início de 1938. A origem de Pau de Colher remonta ao vale do Cariri, no Ceará, no sítio do Caldeirão, sob a liderança do Beato José Lourenço e de Severino Tavares.

Uma área que atraiu centenas de pessoas – famílias – cansados da exploração, da miséria e da injustiça do latifúndio e do Estado. Foram para lá com a certeza e a consciência de dias melhores, sem saber que a classe dominante agiria sem dó ou piedade, usando todas as suas forças, tentando apagar para sempre o que seria uma sociedade justa – o início do desenvolvimento social da região.

 Depois da morte de Padre Cícero, Pau de Colher passou a ser um lugar onde se reuniam necessitados, flagelados e pequenos posseiros. Isso fez com que diminuísse a ida de nordestinos para São Paulo. Chegou, então, a vez de destruir Pau de Colher. Temendo uma nova sociedade tipo Canudos e apoiado pela imprensa e os políticos, o governo da Bahia, pediu ajuda aos Estados do Ceará e Pernambuco para acabar com a comunidade. Na época, o próprio Presidente da República, através do seu Ministro da Justiça, Francisco Campos, intimou todos os interventores a extinguir a ferro e fogo todos os movimentos revolucionários.

 Em Pau de Colher, as mulheres lutaram desesperadamente. Saiam das trincheiras, seguidas dos filhos, em direção aos soldados, com cacete na mão. Eram facilmente cortadas ao meio pelos tiros de metralhadoras. Um grupo delas avançou sobre um destacamento que tinha tomado uma cacimba, e todas foram metralhadas. Foram vários dias de luta. O chão estava tomado de sangue e pedaços de órgãos humanos em toda parte. Eram mais de 400 corpos. Os soldados evitavam a luta corporal e venciam facilmente a batalha com o uso das metralhadoras.

Beato Franciscano

Antônio Fernandes de Amorim nascido em 15 de agosto de 1901, filho de pais cearenses, Tertulina Barros da Costa e José Barros. Foi criado na Comunidade Franciscana de São Francisco das Chagas de Canindé até 1927. Por algum tempo, trabalhou no Convento da Penha, em Recife. Foi lá que conviveu com capuchinhos italianos e conheceu a Ordem Terceira de São Francisco de Assis uma organização fraternal formada por leigos masculinos e femininos que admitem a penitência, a fé e a caridade cristã, fundada pelo santo italiano, em Assis, na Itália.

Em 1936, o homem de “batina preta”, como era conhecido Antônio Fernandes de Amorim, inicia sua peregrinação em Alagoas, nos arredores da cidade de Batalha. Em 1938, formou um povoado localizado em Quebrangulo, no Estado de Alagoas, que transformou na Vila São Francisco. Na época do Beato havia uma colheita de 500 a 600 sacos de feijão, e se destacava pela limpeza das casas, a existência do orfanato e da casa dos idosos. O Beato construiu ainda a igreja e uma escola.

Já que o Beato Franciscano não possuía a ordenação sacerdotal, convidou os “capuchinhos” italianos que viviam em um convento na cidade de Bom Conselho, Pernambuco, para pastorear o rebanho de fiéis: confessando, batizando, celebrando e pregando a doutrina cristã. Mensalmente, um frade italiano visitava a Vila São Francisco para realizar sua missão ministerial. Tal fato evidencia a formação do Beato que convivera com frades franciscanos desde o Cariri. A ele, além da organização da comunidade, cabia a recitação do terço, do ofício de Nossa Senhora e outras práticas religiosas.

Em 28 de março de 1954, o Ministro Provincial da Ordem dos Frades Menores de São Francisco de Assis realizou a fundação da Ordem Terceira, na Vila São Francisco, em Quebrangulo, admitindo 20 homens nos quadros da fraternidade. Dentre eles, destacam-se Josué Ferreira de Lima, que tomou o nome de Irmão Modesto, Humberto Correia Mendes, que recebeu o nome de Irmão Lourenço e o Beato Franciscano, que recebeu o nome religioso de Irmão Bernardo, ocupando o cargo de Ministro da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, na Vila. Durante 16 anos, o Beato Franciscano lutou para que o sonho de uma comunidade fraterna florescesse na Vila São Francisco. Entretanto, as forças políticas locais pensavam de forma diferente.

No dia 30 de julho de 1954, dois homens almoçaram no Abrigo de Velhos. Durante o almoço, os pistoleiros conversaram com o beato que, além de amparar os velhos, também fundara o Orfanato São Francisco de Assis, onde cuidava de 50 crianças. Eram assassinos contratados por políticos locais à espreita de uma oportunidade para matar o fundador do lugarejo em razão do apoio eleitoral à família Mendes. Um crime político, nunca elucidado. Nunca descobriram os verdadeiros assassinos. Nenhum dos autores materiais foi preso. O Beato Franciscano assassinado, aos 53 anos, foi sepultado no cemitério da Vila São Francisco.

A Ordem dos Frades Menores de São Francisco de Assis, através do seu Ministro Provincial, em Recife, designou em 13 de outubro de 1954 um frade italiano, Frei Jerônimo, para fixar residência na Vila São Francisco. Em atendimento ao  “desejo” de Antônio Fernandes de Amorim, que havia deixado escrito e assinado um Testamento Particular, transferindo todos os utensílios, móveis e imóveis localizados no lugarejo, construídos por ele ou recebidos em doação, como bens patrimoniais da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, os quais deveriam ser administrados pelos “capuchinhos” italianos. Josué Ferreira de Lima, 88 anos, membro da Ordem Terceira de São Francisco, o mais antigo membro da comunidade, que conviveu com Franciscano, conhecido como Irmão Modesto, afilhado do Franciscano, revela:

“Meu padrinho foi um sofredor, ele era dedicado aos pobres, às crianças e aos velhos”.

Até hoje, em todas as primeiras quintas-feiras de cada mês, dezenas de ― “romeiros”, entre homens e mulheres, provenientes do alto sertão alagoano e do agreste pernambucano retornam à Vila São Francisco para as reuniões da irmandade franciscana, que tem Frei Fernando Rossi como orientador espiritual. Os encontros são realizados no interior da Igreja de São Francisco de Assis, obra construída pelo Beato Franciscano. São inúmeras caravanas de peregrinos, devotos do pai “Francisco e do padrinho Franciscano”, todos vestindo o hábito da irmandade e portando seus rosários.

É interessante ressaltar que na obra Entre a cruz e a espada: violência e misticismo no Brasil rural nossas pesquisas identificaram, à p.93, uma foto do Beato José Lourenço na qual se encontra sentado escrevendo aquele que foi conhecido em terras de Alagoas como o Beato Franciscano. A data de seu aparecimento 1936 coincide com as primeiras perseguições no Caldeirão o que justifica seu deslocamento para Alagoas. Percebe-se que a região do Cariri no Ceará foi um celeiro para a formação de Beatos, por influência de Padre Ibiapina e Padre Cícero. Podemos estabelecer uma comparação entre a foto referida e outra foto do Beato Franciscano.

Beatos – Os profetas da caatinga

No Brasil rural era escasso o número de padres católicos que serviam de fato à população. Acrescentava-se ainda a conivência de alguns padres com os atos injustos dos proprietários de terras em detrimento dos pobres sertanejos. Cabe ao Padre Mestre Ibiapina o primeiro esforço de renovar e intensificar o contato entre o clero e os pobres no Sertão do Nordeste pouco antes de 1860.

Cada comunidade dirigida por beatos vivencia a busca da terra prometida, alegorizando uma condição arquetípica do homem – o ser atônito no universo à procura de si, na esperança de encontrar a chave que liquide a angústia e o fardo da existência, e restaure uma condição intuída como primordial pelas várias religiões: a superação da morte – a conquista da terra sem mal, alusão ao mito indígena brasileiro da terra sagrada, lugar de abundância, alegria e paz.

 Os colonizadores ficaram impressionados com a descoberta de um dos rituais dos tupis denominado santidade que significava para os índios a constante procura da Terra sem Mal, um espaço sagrado, o tempo sagrado, que se renova eternamente, sem conhecimento de sua origem e fim. A principal motivação desse ritual era a realização de fantasias (fantasmes) sobre uma terra mítica.

 A categoria santidade, identificada com os melhores valores do catolicismo dos evangelhos e das práticas de trabalho, paz e caridade, utilizada pelos sertanejos para distinguirem os melhores entre eles, foi a autonomia que caracterizou o mundo dos beatos.

Andu é um tipo de feijão bastante usado na cozinha nordestina, muito nutritivo, rico em proteína, podendo ser consumido verde ou seco.

BIBLIOGRAFIA

HERMANN, Jacqueline. 1580-1600: o sonho de salvação. Coordenação Laura de Mello e Souza, Lilla Moritz Schwarcz. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. (Virando séculos)

MANGABEIRA, Francisco. Tragédia Épica (Guerra de Canudos). Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2010.

MONIZ, Edmundo. A guerra social de Canudos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978 (Coleção Retratos do Brasil v.117).

MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

As fotos que ilustram este texto são do fotógrafo, pesquisador e professor da Universidade Federal do Cariri, Marcelo Eduardo Leite/Revista Viagem (UFPA). A foto principal que ilustra este texto foi tirada na Colina do Horto, Juazeiro do Norte (CE), 2010. Para ver o ensaio completo, clique no botão abaixo:

A reinvenção de Juazeiro e os devotos de Padre Cícero

 

 

Enaura Quixabeira Contributor

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas (1964), mestrado em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Alagoas (1994), doutorado em Programa de Pós Graduação Em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Alagoas (1999) e doutorado em Etudes Romanes – Université Stendhal Grenoble III (1999). Foi pró-reitora adjunta de pesquisa e pós-Graduação do Centro Universitário Cesmac, coordenadora do projeto binacional ‘A utopia cristã no nordeste brasileiro’ e crítica literária. Especializou-se em temas como beatismo e na obra do escritor mineiro Lúcio Cardoso. Hoje está aposentada.

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